Enquanto Pelotas organiza um congresso essencial sobre mudanças climáticas, uma onda de calor escaldante, ainda na primavera, acaba de passar pela cidade. Para nós, da imprensa, temperaturas extremas, para mais ou para menos, historicamente têm abordagem lúdica, quase como entretenimento, mas passou da hora de vermos como o que de fato é: um sintoma da doença que vivemos, e que se manifestou com força nas diversas enchentes que atingiram o Estado, bem como a estiagem do ano passado e outros problemas climáticos que causam temor.
A importância de eventos como o Workshop Gaúcho de Mudanças Climáticas, que continua nesta terça-feira (19) no Campus Capão do Leão da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), é gritante para a comunidade. Finalmente, todos parecem valorizar o fato de que vivemos um período de crise. Reconhecer é o primeiro passo para mudar. A imprensa, como propulsora de debates e discussões, deve posicionar-se claramente como aliada para estancar esse problema coletivo, que ceifa vidas aos montes e em ritmo crescente, além de causar prejuízos estruturais e financeiros às nossas comunidades. É só ver o tanto de casas destruídas que ainda restam, as perdas de safras no agronegócio e o sofrimento que tudo isso causa.
Por isso, nós, jornais, emissoras, sites e canais, devemos tomar a frente para encarar o problema. Não é possível mandar repórter para um frio extremo fora de época, ou para um calor que destoa completamente, e tratar isso como uma curiosidade, quase com alegria. É uma abordagem constante e corriqueira, mas errada. Repetindo: temperaturas extremas fora de contexto são sintomas da doença climática que vivemos. Normalizar isso é normalizar o caos e não compreender o recado que a natureza nos passa.
A evidência do tema salta aos olhos, o assunto tem uma abordagem quase diária em todos os meios da sociedade e as discussões precisam acelerar para chegar no campo das ações urgentemente. Tratar o tema climático com a seriedade que merece vai salvar vidas no futuro.