De um lado, temos a proposta da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) que acaba com a jornada de trabalho 6×1, com seis dias de trabalho e um de folga, buscando dar aos trabalhadores mais tempo para lazer, descanso e atividades pessoais.
Do outro lado, há entidades empresariais que criticam a proposta, alegando que aumentaria os custos das empresas, o que acarretaria na diminuição do salário dos trabalhadores e em graves impactos econômicos, incluindo aumento do desemprego.
A discussão sobre a redução das escalas de trabalho repercutiu nos últimos dias e não pode ser um tabu, embargada pelo brapel ideológico. Um debate sério sobre as relações de trabalho modernas tem que levar em conta a qualidade de vida dos trabalhadores, a produtividade das empresas e, é claro, todas as complexidades econômicas. Além disso, é preciso estudar a fundo as possibilidades, observar o que as experiências de outros países e os estudos acadêmicos têm mostrado.
No cenário atual, é pouco provável que o projeto avance no Congresso, ainda mais com o texto original, que prevê uma redução para uma escala 4×3. Embora a tendência seja de que o tema suscite posições radicalmente opostas, isso não deve ser motivo para não buscar o consenso. Num país que a cada eleição se mostra mais polarizado, é preciso maturidade e disposição para conversar. Que isso de fato aconteça, é pouco provável.