Conselho do Brasil aprova avanço do estudo para transformação em SAF
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Quarta-Feira4 de Dezembro de 2024

Bento Freitas

Conselho do Brasil aprova avanço do estudo para transformação em SAF

Parceira do Xavante no processo, empresa Pluri Sports já começará a conversar com potenciais investidores

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Atualizado quarta-feira,
06 de Novembro de 2024 às 20:37

Conselho do Brasil aprova avanço do estudo para transformação em SAF
Fernando Ferreira, fundador da Pluri Sports, e presidente Gonzalo Russomano, do Xavante, concederam entrevista coletiva nesta quarta (Foto: Gabriel Costa - GEB)

O Conselho Deliberativo do Brasil aprovou a continuidade do estudo realizado pela empresa de consultoria Pluri Sports para possível transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Todos os 53 conselheiros presentes na reunião da noite de terça-feira (5) no Salão de Honras do Bento Freitas votaram a favor.

“Estamos engatinhando ainda, começando a caminhar, e em breve teremos mais informações. […] O clube não tem outra saída que não uma profissionalização, uma SAF”, afirmou o presidente e vice de futebol eleito, Gonzalo Russomano, em entrevista coletiva concedida na manhã desta quarta.

Ao lado do dirigente xavante, também conversou com a imprensa o economista Fernando Ferreira, fundador da Pluri Sports. A empresa está envolvida em 12 processos de clubes brasileiros que também viraram ou estão virando SAF. Entre eles aparecem Paraná, Náutico (PE), São Bento (SP), Vila Nova (GO), Treze (PB) e Botafogo (PB), por exemplo.

Próximos passos

A partir de agora, a Pluri entra no chamado processo de “modelagem”, que precisa ter os termos validados pelo Brasil. Russomano garante que a direção rubro-negra apresentará qualquer documentação solicitada por potenciais investidores em contato com a empresa de consultoria.

“São as premissas e a base do negócio que a gente levaria ao mercado. Esse é o momento em que a gente começa a conversar com investidores especificamente. É óbvio que para isso acontecer ainda tem pequenas etapas internas de conversa com o clube, de questões que a gente precisa ainda alinhar”, explica o fundador da Pluri.

A reportagem apurou que provavelmente o Xavante precisará entrar em processo de Recuperação Judicial (RJ) para equacionar as dívidas. Isso aconteceu com Paraná e Náutico, por exemplo. A RJ é uma renegociação coletiva de dívidas e costuma envolver descontos e períodos de carência.

Fernando Ferreira cita o prazo de um ano como estimativa para o andamento do processo no Bento Freitas. No caso do Botafogo (PB), por exemplo, foram necessários menos de dez meses desde o começo da consultoria para que dois investidores acertassem a compra da SAF do clube de João Pessoa.

No caso do Xavante, se houver investidores interessados em realizar uma proposta para a compra de uma eventual SAF, o tema será pauta de uma Assembleia Geral Extraordinária, evento em que os sócios do clube votam para definir.

Desafios

Conforme o economista da Pluri, os principais focos de atenção no Rubro-Negro envolvem a qualificação da estrutura – estádio e centro de treinamentos, em especial – e a equação das dívidas – segundo o atual vice de finanças e presidente eleito Vilmar Xavier, o valor se aproxima de R$ 40 milhões. Categorias de base também são tratadas como essenciais.

“Em todo o projeto de SAF, o investidor assume a dívida do clube. Precisa equacionar a dívida porque, obviamente, o volume de investimentos que o investidor fará no clube vai depender do tamanho da dívida. Se a dívida é muito grande, vai sobrar menos dinheiro para investir no futebol”, explica Fernando Ferreira.

Ainda segundo o especialista, o projeto na Baixada precisa de “senso de pertencimento com a comunidade”. Um “forasteiro”, nas palavras dele, não se encaixaria. O fundador da Pluri afirma que potenciais investidores farão um trabalho semelhante ao de uma auditoria no clube antes de uma eventual compra.

Atrativos

Apesar da dívida crescente e dos problemas estruturais apontados, uma série de pontos positivos é identificada no Rubro-Negro por especialistas da área. Torcida engajada e tradição são os principais. “O Brasil tem o que é necessário para se conseguir estar nesse ambiente novo, nessas prateleiras de cima do futebol brasileiro”, diz Ferreira.

O economista menciona clubes de ascensão nacional recente – Athletic (MG), São Bernardo (SP) e Retrô (PE) – como casos que julga de difícil manutenção nas principais divisões do país. Os dois primeiros citados chegaram aos quadrangulares finais da Série C do Brasileirão, sendo que os mineiros subiram para a B. Já o Retrô subiu da D para a C.

“A gente acha que no médio prazo isso não vai se sustentar. Quem vai conseguir ficar ali são clubes estruturados, com capacidade de investimentos e recursos financeiros, humanos, tecnológicos, relacionamento, tudo, mas que tenham torcida, que estejam amparados por uma comunidade forte e engajada. Isso o Brasil tem”, completa.

SAF no país

A transformação de clubes em Sociedade Anônima do Futebol passou a ser permitida em agosto de 2021, quando a Lei 14.193/2021 foi aprovada no Congresso. A legislação incentiva a migração da operação de clubes de associações civis sem fins lucrativos para associações empresariais.

“A SAF é uma empresa, um CNPJ criado, do qual o clube passa a ser sócio. A associação Grêmio Esportivo Brasil continua existindo normalmente, inclusive com seu Conselho, presidente, tudo continua igual. Só que o clube passa a ser acionista de uma empresa, junto com investidores. Essa empresa é ‘investidores + associação’ e passa a gerir o futebol”, explica Fernando Ferreira.

A lei obriga que a associação permaneça com no mínimo 10% das ações da SAF. Esse percentual garante o domínio sobre o patrimônio material e a marca do clube. Cores, hino e escudos, por exemplo, não podem ser alterados pela SAF, apenas pela associação. Vale lembrar que o caso do Bragantino, transformado pela Red Bull em 2019, aconteceu antes da promulgação da chamada Lei da SAF e não se enquadra nos mesmos critérios.

A Pluri

Segundo o site da empresa, a Pluri é uma consultoria que deu origem ao Grupo Pluri, que atualmente conta com sete companhias atuando nos setores de esportes e entretenimento.

“Somos focados em consultoria em gestão, governança, finanças e marketing esportivo para clubes, entidades e atletas”, diz a empresa em seu portal oficial.

Outros clubes

A Pluri já participou de 12 processos de transformação de clubes em SAF. Confira alguns clubes parceiros da empresa com avanços recentes.

Paraná
Fase considerada por Fernando Ferreira “difícil em termos patrimoniais, de dívida e em termos futebolísticos”. O clube solicitou Recuperação Judicial e é cliente da Pluri há dois anos, mas uma venda da SAF ainda não foi finalizada.

Náutico (PE)
Conforme o ge.globo, um grupo de investidores apresentou proposta de compra de 90% da SAF, ainda não apreciada. O Timbu também entrou em Recuperação Judicial por conta das dívidas.

Botafogo (PB)
Venda encaminhada para um fundo de investimentos do RJ e um empresário do PR, operação fechada após dez meses. Segundo o portal ge.globo, a proposta está na casa dos R$ 300 milhões (R$ 260 milhões com correções anuais baseadas no Índice IPCA) em investimentos durante 15 anos.

São Bento (SP)
Grupo que tem entre os investidores o ex-meia Zé Roberto apresentou proposta de R$ 130 milhões para compra de 90% das ações da SAF, que ainda precisa de aprovação dos sócios. O plano é recolocar o clube na Série B do Brasileirão até 2030.

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