Com a frase de ordem: “não torrem nosso patrimônio”, cerca de 40 produtores rurais associados a Cooperativa Sul-Riograndense de Laticínios (Cosulati) realizaram uma manifestação em frente à Justiça do Trabalho no final da manhã desta terça-feira (5). A mobilização reivindicava a suspensão do leilão em que a fábrica de laticínios, localizada no Capão do Leão, foi arrematada em lance único por pouco mais de R$ 49 milhões. O bem foi avaliado em R$ 98 milhões.
O grupo considera que o complexo industrial foi colocado em leilão por um preço inferior ao que o bem realmente valeria e temem não receber nenhum valor com a venda para conseguirem saldar ao menos parte dos prejuízos que tiveram com a Cosulati.
Caso a compra seja homologada, em torno de R$ 30 milhões será destinado para saldar as dívidas trabalhistas de funcionários da cooperativa. Os R$ 19 milhões restantes seriam distribuídos conforme a prioridade dos credores. “Tivemos um patrimônio subavaliado, a qual contestamos, um valor totalmente fora de mercado”, diz Leonel Fonseca.
Para o produtor rural, o leilão não deveria ter aceitado a primeira oferta com metade do valor do complexo. “Vão pagar os funcionários, tributos e o produtor fica com o ônus”. Fonseca considera que caso fosse aguardada uma oferta maior, seria possível honrar as dívidas trabalhistas e sobraria um pequeno capital para retomar as atividades na fábrica. “Nós também somos credores da Cosulati”.
De acordo com Leonel Fonseca, as dívidas dos cooperados são de cerca de R$ 12 milhões. “Atualmente somos cerca de 45 produtores organizados, mas tinha mais de dois mil cooperados”.
Conforme a juíza da 4ª Vara do Trabalho de Pelotas, Ana Ilca Saalfeld, a documentação da empresa que apresentou a oferta foi enviada ao tribunal no final da tarde de segunda-feira (4) e será analisada ainda nesta semana.