O Rio Grande do Sul poderá ter a maior safra de grãos da sua história. É o que projeta o levantamento da safra de grãos 2024/2025 divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o órgão, a recuperação da produtividade do arroz e da soja é o que indica a melhoria. A previsão aponta um crescimento de 3,3% na comparação com a safra anterior, com o RS produzindo mais de 38,3 milhões de toneladas.
Mesmo assim, a maior dificuldade na Zona Sul até o momento está nos produtores que não conseguiram colher o esperado na última safra. O extensionista rural da Emater, Luciano Ossanes, explica que mesmo com a prorrogação dos pagamentos de custeio da soja do ano anterior, que garante a continuidade da produção nesta safra, o problema é a garantia da colheita.
“Quando se planta, se faz um custeio, que é para pagar no ano seguinte. A garantia é a colheita. O plantio é um tipo de investimento, porque prorroga esse dinheiro, e precisa ter garantia para prorrogar. O pessoal teve dificuldade de ter garantias para prorrogar. Quando se compromete as garantias, há dificuldade para fazer um novo custeio mais tarde”, argumenta o extensionista.
Soja
No caso da soja, Ossanes revela que ainda não foi identificado plantio em Pelotas. O período está sendo de preparação da área de semeadura. “Pessoal está colocando adubo, lavrando, aplicando dessecante para preparar a área”, afirma. A área destinada à cultura de soja é de aproximadamente 28.362 hectares.
Milho
Em relação à cultura do milho, há uma área total de 8.830 hectares, sendo que 1,9 mil são destinados ao milho de silagem, onde já existem cerca de 83 hectares plantados. “Geralmente quem planta para grão é um pouco mais tarde. E são áreas mais pequenas”, diz o especialista. “O pessoal se endividou, teve dificuldade de pagar parcelas de investimento e tem alguns que não vão conseguir plantar nem milho nem soja”, acrescenta.
Arroz
A semeadura do arroz na Zona Sul começou no dia 4 de outubro. O coordenador regional do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) da Zona Sul, Igor Kohls, explica que, assim como no ano passado, nesta safra não houve possibilidade de realizar o plantio em setembro, por conta do excesso de chuvas. Na última terça-feira, o levantamento de intenção de plantio mostrou que 23% da área já foi semeada, já que o tempo favorável facilita a evolução do processo. A época recomendada para semeadura do arroz vai até o dia 15 de novembro.
Impacto do clima
Sobre as variações climáticas, Kohls salienta que o arroz é uma cultura que sofre menos do outras com a chuva e a temperatura, por ficar de 90 a 100 dias irrigado. Porém, existem impactos que são perceptíveis.
“Na safra passada nós tivemos muitas áreas alagadas, principalmente as mais baixas. Impacta porque o produtor acaba tendo a intenção de realizar a semeadura em determinada área e não consegue por causa da água nessas áreas”, destaca. Além disso, ele lembra que os períodos de pouca chuva e baixa luminosidade também afetam o cultivo do grão.
