Dia para  lembrar a importância da vacinação
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Segunda-Feira4 de Novembro de 2024

Opinião

Ana Cláudia Dias

Ana Cláudia Dias

Coluna Memórias

Dia para lembrar a importância da vacinação

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Revolta da vacina no Rio de Janeiro teve um saldo de mais de 900 presos (Reprodução)

Em 17 de outubro se celebra no Brasil o Dia Nacional da Vacinação, com o objetivo de promover a importância da imunização no controle de epidemias. Ao longo da história, mesmo contestadas por alguns, as vacinas têm demonstrado sua importância para erradicação ou diminuição da incidência de várias doenças graves. 

Recentemente, a pandemia de Covid-19 só foi controlada a partir da vacinação, ocorrida há exatos três anos, quando a enfermeira Mônica Calazans recebeu a primeira dose, em São Paulo.  Naquele 17 de outubro de 2021 a aguardada vacina contra a Covid-19 era celebrada no país. Mas nem sempre foi assim.

Epidemia de varíola

Há 120 anos, quando a vacinação se tornava obrigatória, houve preocupação e revolta. Na época, o país sofria com a varíola, tema de muitas páginas nos jornais locais. De acordo com o artigo A cidade de Pelotas (RS) e as suas epidemias (1890-1930) da pesquisadora Lorena Almeida Gill,  do Departamento de História da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em 1896, a Delegacia de Higiene dava epidemia de varíola como extinta, porém a doença reapareceu em 1903, na cidade de Rio Grande.  

Em Pelotas o ano de 1904 foi dedicado aos cuidados sanitários relacionados à varíola e à vacinação da população. Um dos líderes do movimento pró-vacina, o médico José Calero, delegado de Higiene, ministrava gratuitamente a vacinação na própria casa, diariamente, das 12h às 13h, na rua Marechal Floriano, 62. Na intendência (prefeitura), a vacinação ocorria das 13h às 14h, nas terça, quintas e sábados. 

Lei obrigava

Diário Popular publicou na íntegra a lei (Reprodução)

Para tentar conter o avanço de doenças como a varíola, o governo brasileiro fez uma proposta de lei que tornava obrigatória a vacinação da população, em junho de 1904. A lei 1.261, que gerou debates e campanha de oposição, foi aprovada no dia 31 de outubro do mesmo ano.

Em Pelotas, o jornal Diário Popular publicou a novidade em 22 de novembro. Dias antes, no Rio de Janeiro, um grupo de militares, com o apoio de alguns setores civis, tentou se aproveitar do descontentamento popular para realizar um golpe de Estado. A rebelião começou na madrugada do dia 15 de novembro, mas foi abafada.  

No dia 16 foi decretado estado de sítio, na então capital federal. A chamada revolta da vacina foi extinta, porém com um saldo de 945 pessoas presas na Ilha das Cobras, 30 mortos, 110 feridos e 461 deportados para o estado do Acre.

Fontes: jornal Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotese; Biblioteca Virtual em Saúde, wikipedia.org

Há 50 anos

Macaquinho causa pânico entre moradores da Vila Santa Terezinha

“Beberrão e violento”. Assim era definida a personalidade de um macaquinho chamado Aristides, que virou caso de polícia, na rua São Luís, na então chamada Vila Santa Terezinha. Na época, mais de 30 moradores da região recorreram à polícia, depois de serem atacados pelo animalzinho de propriedade de Ramão Ramires, morador da mesma rua. 

Segundo relataram os moradores, Aristides costumava fugir de seus tutores e atacava com mordidas quem estivesse passando na rua, especialmente mulheres e crianças. O macaquinho também subia nos telhados e arrancava as telhas das casas.

Para capturar o “meliante” o delegado da 1ª Delegacia do Distrito contactou os funcionários que cuidavam da praça Júlio de Castilhos (praça dos macacos), na avenida Bento Gonçalves, hoje Parque Dom Antônio Zattera. Porém os tratadores não tiveram sucesso. A missão foi reforçada por outros funcionários da prefeitura e ao total seis pessoas fizeram o cerco ao macaquinho, que, depois de muita correria, foi aprisionado.

O tutor de Aristides contou que costumava dar cachaça ao macaco diariamente, porém ele percebeu que o animal começou a ficar violento. Na tentativa de ajudar na captura de Aristides, os moradores colocaram garrafas com aguardente nos telhados, porém ele nunca bebeu. Aristides só bebia a cachaça que o Ramires lhe alcançava.   

Fonte: jornal Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense

Há 100 anos

Festival de dança para auxiliar o Asylo de São Benedito

O Theatro Guarany recebeu um festival em benefício ao Asilo de Órfãs de São Benedito. A casa ficou lotada para a apresentação de bailarinas locais, interpretaram estilos musicais clássicos e populares. 

Conhecida hoje como Instituto São Benedito, a entidade foi fundada por Luciana Lealdina de Araújo, em 13 de maio de 1901. Também conhecida por “Mãe Preta”, Luciana era filha de mãe escrava, nascida em em Porto Alegre no dia 13 de junho de 1870, posteriormente ela veio morar em Pelotas com sua família.

Preocupada com o futuro de meninas órfãs, especialmente as de origem afro-brasileira, Luciana queria dar abrigo e instrução às suas protegidas. 

Devoção 

São Benedito era o santo do qual Luciana era devota. Para a admissão das meninas no Asilo, elas deveriam ter mais de dois anos de idade e poderiam permanecer no internato até os 21 anos. Atualmente o Instituto, que se mantém como uma instituição filantrópica, não tem mais o internato, mas oferece educação fundamental a meninas de famílias em vulnerabilidade social. 

Fontes: jornal A Opinião Pública/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense; artigo Instituto São Benedito: amparando e instruindo meninas carentes, de Jeane dos Santos Caldeira e Giana Lange do Amaral

 

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