Como saber se a saúde da mama está em dia
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Segunda-Feira25 de Novembro de 2024

Corpo e Mente

Como saber se a saúde da mama está em dia

Três ações podem diminuir o risco de desenvolver a doença

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Como saber se a saúde da mama está em dia
Para o grupo de pilates solo da Aapecan, a prática da atividade representa muito mais do que a manutenção da saúde. (Foto: Rita Wicth)

Chegou o mês de conscientização sobre o câncer de mama. Além de alertar sobre a doença – a cada ano são quase 66 mil novos casos diagnosticados no país – se torna fundamental divulgar as principais formas de prevenção assim como instrumentalizar mulheres para ações de controle e de cuidado integral, visto que com a adoção de alguns hábitos saudáveis é possível reduzir a incidência da neoplasia.

Para além da prevenção do câncer de mama, a prática de atividade física regular, a manutenção do peso corporal adequado por meio de uma alimentação saudável e a diminuição do consumo de bebidas alcoólicas promovem bem-estar de forma integrada, evitando também outras doenças.

Mas é importante frisar que a maioria dos fatores que podem desencadear em câncer de mama está ligado à genética. Por isso, independente do estilo de vida adotado, a mamografia deve ser feita por mulheres a partir dos 40 anos. “Esta é a melhor forma para detectar o tumor no começo do seu desenvolvimento, aumentando as chances de cura”, explica o professor da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e Federal de Pelotas (UFPel), Marcelo Sclowitz.

Diagnóstico precoce

No Sistema Único de Saúde (SUS) indica a realização de mamografia de rastreamento a partir dos 50 anos. Entretanto, as sociedades médicas brasileiras defendem a realização da mamografia a partir dos 40 anos como a forma mais eficiente para a detecção precoce do câncer de mama.

Conforme Sclowitz, isso se deve porque o exame consegue identificar lesões abaixo de um centímetro. “A palpação normalmente reconhece o que tem um centímetro ou mais. Com o diagnóstico precoce, aumenta em 95% a chance de cura”, completa.

Para tentar alterar a data inicial de recomendação do exame foi criado o Projeto de Decreto Legislativo nº 679/2019, que assegura o direito à realização da mamografia para todas as mulheres brasileiras a partir dos 40 anos. Projeto aguarda aprovação na Câmara Federal há dois anos.

Em Pelotas, de acordo com o Sclowitz, mulheres com menos de 50 anos conseguem fazer a mamografia, mas ainda segue sendo importante qualificar as formas de acesso. “Com a aquisição do mamógrafo pelo Hospital Escola da UFPel, o tempo diminui consideravelmente para no máximo três meses”, comenta o professor. Com a nova aquisição do equipamento pela Santa Casa, o tempo de espera deverá ser ainda menor, visto que a projeção será a de realização de 300 mamografias por mês.

Qualidade de vida como prevenção

Vale para transformar os mais diversos aspectos da vida: a prática de atividades físicas de forma regular, manutenção do peso corporal, diminuição drástica do consumo de álcool reduz de forma significativa o risco de inúmeras doenças, entre elas as cardíacas, diabetes, hipertensão e câncer. Pesquisas também apontam um estilo de vida saudável como grande aliado para a prevenção de doenças mentais.

O Guia da Alimentar para a População Brasileira é um documento que melhor reúne informações para dar autonomia a escolhas de qualidade. O cuidado alimentar deve levar em consideração uma alimentação mais natural possível, evitando alimentos ultraprocessados (como biscoitos recheados, salgadinhos “de pacote”, refrigerantes e macarrão “instantâneo”) e consumindo com moderação os processados pela indústria (com a adição de sal ou açúcar ou outra substância de uso culinário a alimentos in natura para torná-los duráveis e mais agradáveis ao paladar).

Conforme o professor Sclowitz, ao fazer escolhas é importante ter em mente que grande parte da alimentação precisa ser ‘descascada e não desembalada’. Parar de consumir álcool ou diminuir seu consumo é uma forma significativa de reduzir riscos de desenvolver câncer de cabeça e pescoço, de esôfago, de fígado, de mama, colorretal, por exemplo.

Movimento como escolha de vida

Para o grupo de pilates solo da Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan), a prática da atividade física representa muito mais do que a manutenção da saúde.  “Toda a atividade física promove bem-estar, ajuda a ocupar a mente e gera interação”, diz a professora de pilates da associação, a fisioterapeuta, Tainá Gouveia.

Ofertado desde maio de 2024 para usuários do espaço, o pilates representa uma atividade global, trabalhando corpo, mente, fortalecimento, alongamento, postura, além de contribuir para redução da dor. “Também trabalhamos exercícios específicos para as participantes que fizeram cirurgia de mama, para que elas consigam voltar a executar os momentos de ombro e braço o mais depressa possível”, explica a professora.

Conforme a usuária Heloisa Ribeiro, a prática de atividade física já era presente na sua vida antes do câncer de mama. “Antes da doença eu já caminhava e fazia pilates. Com o câncer parei e retornei agora em junho aconselhada pelo meu oncologista”, conta. Já no primeiro mês, Heloisa percebe melhora no reforço muscular e na disposição.

Iole Monte, teve leucemia e antes da doença não tinha o hábito de fazer exercícios. “Fiquei sabendo do pilates e me interessei. Melhorei a minha bursite e também melhorou minha saúde como um todo”, compartilha.

Único homem da turma, Elmirio da Silva, estimulado pela esposa, começou a integrar a aula de pilates. “A radioterapia me trouxe algumas dificuldades. A saúde que o pilates proporciona é fundamental e me afastou do sedentarismo”, diz. Por ser diabético, Silva sempre teve um cuidado especial com sua alimentação.

Do sedentarismo à corrida

Também integrante da oficina de pilates, Angela Ferreira só trabalhava antes do câncer de mama. “Antes eu só me preocupava com o trabalho. Com o diagnóstico de câncer de mama, busquei a Aapecan, a aula de pilates e saio daqui renovada. A prática de exercício faz muita diferença na vida”, avalia.

Além da disposição, Angela destaca outros aspectos positivos de movimentar o corpo, como a interação com outros praticantes, melhora da auto-estima e sentimento de superação. “Me sinto mais feliz, antes eu era cheia de medo. Depois da doença, passei a dar outro valor à vida. Sai do sedentarismo à corrida”, conta. Angela também participa de um grupo de corrida da Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal de Pelotas (Esef/UFPel).

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