Recursos públicos para porto de Arroio do Sal incomodam lideranças locais

Polêmica

Recursos públicos para porto de Arroio do Sal incomodam lideranças locais

Além de representar concorrência com Rio Grande, entidades dizem que há outras prioridades que precisam de investimentos públicos na Zona Sul do Estado

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Atualizado quarta-feira,
02 de Outubro de 2024 às 09:01

Recursos públicos para porto de Arroio do Sal incomodam lideranças locais
Terminal de Rio Grande é atualmente o principal porto gaúcho. (Foto: Jô Folha)

O anúncio de que o contrato para execução do Porto de Arroio do Sal será assinado em 20 de outubro desagradou a classe empresarial da Zona Sul. O empreendimento privado deve receber R$ 1,3 bilhão de investimento público, gerar dois mil empregos diretos e está sendo visto como forte concorrente ao Porto de Rio Grande.

Para o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, o terminal marítimo de uso privativo vai mudar a realidade da economia do Estado e viabilizar uma mudança logística estratégica para a região da Serra. Além disso, vai mudar a matriz econômica do Estado.

A euforia, entretanto, gera descontentamento para quem luta pelo desenvolvimento da Zona Sul do Estado, onde há um porto público que bate recordes de movimentação e que poderia duplicar o serviço caso o dinheiro público fosse aplicado nele. As críticas, principalmente do setor empresarial, recaem sobre a falta de um olhar para as prioridades de investimentos.

A Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), que reúne 23 prefeituras da região, manifesta sua preocupação e rejeição à recente aprovação do projeto. A entidade argumenta que a iniciativa trará graves impactos socioambientais e econômicos para o Rio Grande do Sul, enquanto o potencial portuário existente em Rio Grande e Santa Catarina ainda é subutilizado. A questão ambiental também é alvo de questionamentos.

Impactos e falta de transparência

O ecólogo Dilton Castro, mestre em geografia pela UFRGS, presidente do Comitê da Bacia do Rio Tramandaí e membro da ONG Ação Nascente Maquiné (Anama), demonstra preocupação inicialmente pela falta de transparência em relação às obras dessa magnitude. “Não se teve conhecimento, até agora, sobre um estudo do impacto ambiental. Até pouco tempo atrás não estava nem protocolado para licenciamento e começa a especular os possíveis impactos”, comenta.

Para o especialista, a proposta de uma ligação de acesso – com a construção de estradas – significa vetores de contaminação, e vem atrelada a atropelamentos de animais. “Tem a reserva biológica Mata Paludosa e a Lagoa Itapeva, áreas importantes de conservação da biodiversidade em nível nacional”, diz. O especialista lembra ainda que o tráfego de caminhões pode prejudicar não só a fauna local, mas a qualidade da água.

O que é o Porto Meridional

O Porto Meridional de Arroio do Sal é um empreendimento localizado na costa do Rio Grande do Sul. O projeto pretende ter uma infraestrutura portuária capaz de atender às demandas do comércio internacional, facilitando o transporte de cargas.

Para sua operação, será necessária a construção de um acesso de cerca de dez quilômetros até a BR-101, passando pela Estrada do Mar e sobre a Lagoa Itapeva, o que é visto como um grande desafio.

Também é preciso a licença ambiental que poderá sofrer impactos, pois a região litorânea é considerada sensível, com várias espécies em risco.

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