Cobertura da mamografia de rastreamento continua abaixo da meta

Saúde Pública

Cobertura da mamografia de rastreamento continua abaixo da meta

Exame de prevenção garante diagnóstico precoce e maiores chances de sucesso do tratamento

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Cobertura da mamografia de rastreamento continua abaixo da meta
De acordo com o Inca, o rastreamento do câncer de mama é uma estratégia recomendada para as mulheres de 50 a 69 anos uma vez a cada dois anos. (Foto: Divulgação)

A mamografia de rastreamento é uma estratégia que garante o diagnóstico precoce do câncer de mama e com isso a possibilidade de tratamentos menos agressivos, assim como a maior probabilidade de cura. No entanto, o Observatório do Câncer do Estado aponta que em Pelotas o percentual de cobertura do exame no público-alvo é de 13,6%, muito abaixo da meta recomendada. O dado de 2023 demonstra ainda que em relação a 2022 o índice diminuiu em 4,5% de atendimentos.

A meta de cobertura populacional do exame de mamografia de rastreamento é de 32%. No mesmo período em que os atendimentos em Pelotas caíram de 18,1% para 13,6%, em Rio Grande a realização de mamografias saltou de 13,1% para 27,8%, e São Lourenço do Sul está há dois anos superando a meta de cobertura.

Dificuldades para o alcance da meta

Desde 2015, quando a cobertura começou a ser observada pelo Estado, Pelotas não consegue chegar próximo da meta de atendimentos. Para a secretária de saúde, Rosana van der Laan, as causas para a dificuldade na prevenção ao câncer de mama seriam multifatoriais.

Entre elas estariam a baixa adesão de mulheres em idade preconizada pelo Ministério da Saúde para realização do exame de rastreamento (50 a 69 anos) e a dificuldade na oferta da mamografia tanto por reflexo do pós-pandemia, como devido ao tempo em que o aparelho do Hospital Escola da UFPel – maior prestador do serviço ao município -, teria ficado em manutenção.

De acordo com a secretária, o município segue as diretrizes do Instituto Nacional do Câncer (Inca) ao ofertar ações educativas de prevenção à doença, o diagnóstico precoce, encaminhamentos e tratamentos adequados. Para aumentar a abrangência da mamografia de rastreabilidade, dentre as medidas realizadas estariam a educação permanente dos profissionais da atenção primária e a busca de melhorar sempre as ofertas dos exames.

O temor em relação à demora

Assim que Ândria Cassal notou algo de diferente na mama, ela optou por realizar a mamografia na rede particular de saúde por temer a demora do resultado e a possibilidade da espera culminar na piora do tumor. “Entre eu sentir o nódulo e começar o tratamento foi um período de 29 dias”. Para ela, o tempo foi crucial para a cura do câncer triplo negativo, um dos tipos mais agressivos da doença. “A gente tinha muito receio de avançar de forma que o tratamento não fosse adiantar”, conta.

Já Lúcia Helena Blass realizava as mamografias de prevenção via SUS. Porém, ao passar dois anos sem fazer o exame, ela percebeu um nódulo no seio esquerdo. Foi quando recorreu à mamografia particular para diminuir o tempo de espera e aos 61 anos ela descobriu o câncer de mama. “Escuto várias mulheres falando que chega a demorar um ano ou mais agora”, diz sobre a mamografia.

Diminuição no tempo de espera

O físico médico e chefe da Unidade de Diagnóstico por Imagem e Diagnósticos Especializados do HE-UFPel, William Borgonhi, destaca que o tempo de espera para a realização da mamografia foi diminuído consideravelmente. “Houve casos em que as pacientes conseguiram realizar o exame na mesma semana em que a solicitação foi feita, evidenciando a eficiência do sistema”, diz.

Para realizar a mamografia pelo sistema público de saúde, as pacientes precisam ser encaminhadas pelo atendimento da Unidade Básica de Saúde (UBS).

Em Rio Grande e São Lourenço do Sul

Ao mesmo tempo que em Rio Grande o número de mamografias tem aumentado consideravelmente, nos últimos dois anos São Lourenço do Sul tem se mantido dentro da meta de cobertura do exame. Conforme informações dos municípios, os números positivos de prevenção são graças a ações como mutirões de atendimento e a oferta do serviço em unidades móveis para facilitar o acesso ao exame.

A prevenção

De acordo com o Inca, o rastreamento do câncer de mama é uma estratégia recomendada para as mulheres de 50 a 69 anos uma vez a cada dois anos.

Os potenciais benefícios do rastreamento são o melhor prognóstico da doença, com tratamento mais efetivo e menor morbidade associada.

No país, conforme as Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama, a mamografia é o único exame cuja aplicação em programas de rastreamento apresenta eficácia comprovada na redução da mortalidade por câncer de mama.

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