“O karatê é um modo de vida”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Terça-Feira26 de Novembro de 2024

Abre aspas

“O karatê é um modo de vida”

Ilton Marques, 75 anos, acumula quase cinco décadas de vivência no karatê

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“O karatê é um modo de vida”
Ilton divide a rotina entre a academia e a farmácia. (Foto: QZ7 Filmes)

Como se desenrolou sua trajetória profissional?

Até meus 20 anos morei em Povo Novo. Tenho muito orgulho de ter tido minha infância e adolescência lá, trabalhando no campo e ajudando meus pais. Vim para a cidade e fui trabalhar como auxiliar na área administrativa da Farmácia Deodoro, na época de propriedade da família de meu cunhado. Depois de alguns anos passei a trabalhar diretamente com o público, me tornei sócio minoritário na farmácia e passei a administrá-la. Na época não era como hoje, com centenas de farmácias. Lembro que em certo momento havia 14 em Pelotas, o mercado mudou bastante. Nos anos 90 optei por sair da sociedade, abrindo em 1997 a farmácia Shido-Kan. Hoje seguimos no mesmo endereço e com o mesmo propósito: ser um local de excelência na promoção da saúde à população. Atualmente meu filho Fernando administra a farmácia, porém continuo trabalhando todos os dias junto com ele, é um grande prazer ter essa continuação.

De que maneira o karatê começou a fazer parte da sua vida?

Meu início foi em 1977. Foi inaugurada a Academia Kidokan e havia pessoas encarregadas de conseguir alunos. Um propagandista foi na farmácia divulgando e resolvi experimentar. Fui aluno do sensei Edison Brandi, ainda no estilo Wado. Tínhamos um grande grupo e mantemos contato até hoje, vários amigos continuam treinando. Em 1981, já com o nome da academia como Shido-Kan, fomos vice-campeões no Brasileiro de Equipes de Wado, em São Paulo. Foi uma competição marcante. Nossa equipe não era favorita, pelo contrário, além de termos feito uma viagem desgastante de ônibus. No meio da década de 80, o Edison voltou para o Rio de Janeiro e continuei com os alunos. Ficamos sem amparo do estilo Wado aqui no RS e tivemos que fazer a transição para o estilo Shotokan. Foi um momento muito difícil para nós, mas no fundo foi muito bom, pois tivemos o prazer de ter o Mestre Juichi Sagara em nossas vidas. Ele foi um dos introdutores do karatê no Brasil e nos recebeu muito bem. Fizemos treinamentos, cursos e exames com ele em São Paulo, tendo reconhecida minha faixa preta em 1985. Depois disso, trazíamos ele para ministrar cursos e treinamentos aqui em Pelotas ou Rio Grande todos os anos. Aprendíamos muito, pois fora o extraordinário karatê que ele nos passava, era uma pessoa especial. Se tivéssemos mais “Sagaras”, com certeza teríamos um mundo melhor.

E hoje, quais são os conceitos e como é a rotina na Shido-Kan?

Procuramos ter um ritmo de treinamento sempre muito forte. Isso permite com que perto dos campeonatos façamos apenas alguns ajustes e a preparação seja bem finalizada. Os atletas que competem ainda fazem treinos específicos para competição, buscando um rendimento ainda maior. Temos sempre a melhorar, busco sempre levar isso aos alunos. Tendências existem no mundo esportivo e são importantes, porém até se tornarem tendências, alguém teve iniciativa, criatividade e capacidade de torná-las. Esse é nosso lugar, buscar estar sempre um passo à frente dos nossos adversários no viés da competição. O karatê é um modo de vida. Fez a diferença na minha vida e com certeza na de milhares de alunos que já passaram pela Shido-Kan. Princípios são trabalhados e não se aplicam somente para o dojo, mas para toda a vida, através do karatê tridimensional, em que é trabalhado o corpo, mente e espírito.

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