Marciano Perondi (PL), ao lado de Adriane Rodrigues (PL), representa a candidatura bolsonarista em Pelotas. Nesta segunda rodada de entrevistas dos candidatos à prefeitura ao A Hora do Sul, o empresário promete auxílio aos hospitais particulares no atendimento à saúde, projeta atrair investimentos à região por meio da desburocratização e diz querer colocar a Guarda Municipal, que terá poder de polícia, dentro das escolas municipais. A entrevista na íntegra está disponível em youtube.com/@ahoradosul.
Qual tua avaliação da campanha até o momento?
Eu estou bem feliz com o que a campanha apresenta nos últimos 15 e 20 dias. A gente vai para o bairro e vila, conversa com as pessoas na casa delas, e muita gente não quer mais a velha política. Estão de saco cheio, dizem que o governo do PSDB está muito ruim. Olha a rua toda esburacada, na saúde são 60 mil pessoas aguardando exames e cirurgia. O que está bom? O povo quer mudança.
Como o senhor propõe o desenvolvimento econômico da região, sua principal bandeira?
Sou empresário e vejo a dificuldade para se investir aqui. O primeiro a se fazer é desburocratizar. A cidade tem que atrair o investimento, ir atrás, conversar, conseguir terreno e isenção. Estamos em contato com uma esmagadora de soja, investimento que pode chegar a R$ 2 bilhões e traz muito emprego e gera imposto. Vamos trabalhar com a questão dos subprodutos do arroz, precisamos de alguém que trabalhe com isso. Temos que reduzir a máquina pública ao máximo. Tem que trabalhar para fazer o aterro sanitário aqui em Pelotas, que tu consegue utilizar o lixo para a geração de energia, a prefeitura não gasta nada, só ganha. Tem muita coisa errada em Pelotas que a gente pretende resolver, além do absurdo do número de CCs, essa velha política de trocar apoio por cargo.
Como o senhor pretende trabalhar a relação com o Legislativo, com a possibilidade de ter minoria na câmara?
Temos expectativa de fazer no mínimo três cadeiras de vereador. Tenho contato com outros três ou quatro, de igrejas evangélicas, candidatos que devem se eleger. O vereador ganha bem, ele está trabalhando para o povo. Não precisa receber em troca apoio para ele fazer o que tem que fazer. O povo vai cobrar. Não tenho inimizade com ninguém, vou fazer aliança para ter maioria na Câmara, com todos os vereadores, sendo direita, esquerda, o que quiser contribuir com o governo, é bem-vindo.
Em relação ao novo Pronto Socorro, qual tua proposta para a gestão?
Estou conversando com os quatro hospitais e eles têm grande preocupação. O PS recebe o primeiro atendimento e encaminha para o hospital. Hoje a prefeitura gasta em torno de R$ 2,5 milhões, se não me engano, e o resto vem de outras fontes de renda, completa o valor de R$ 5 milhões por mês. O outro Pronto Socorro, grande, vai ter característica quase de hospital, o custo pode chegar a R$ 20 milhões por mês. De onde se tira esse valor? Os hospitais têm leito sobrando, só não têm dinheiro para manter. Esse valor teria que ir para os hospitais, melhorar o atendimento. Valores que vão para construir postos, postões, poderiam ser repassados para hospitais que poderiam atender muito mais gente. Essa fila de 62 mil pessoas, se a prefeitura contribuísse aos hospitais com a parte que falta para eles não terem prejuízo, em um ano conseguiria zerar essa fila.
Qual sua proposta para os problemas de buracos nas vias de Pelotas?
A máquina pública em Pelotas está inchada. Reduzindo-a ao máximo, sobra dinheiro para melhorar a pavimentação. A buraqueira que tem aqui eu não conheço em nenhum outro município, é um desrespeito com a população, uma falta de organização do município. O pessoal que trabalha de Uber não consegue trabalhar, está toda hora com o carro na oficina. Conversei com um motoboy que caiu num buraco coberto d’água e se quebrou todo. Não vai mais acontecer de passar a patrola só de quatro em quatro anos, vamos resolver o problema de infraestrutura da cidade. Entra também a questão do esgoto, tem que ter a PPP [parceria público-privada], e não falo em privatizar o Sanep, mas sim a tubulação de esgoto.
Uma das suas propostas é o teleatendimento na saúde. Como funcionaria?
Várias cidades fazem isso, inclusive na Santa Casa tem um aplicativo em implementação para a tele consulta. Até na cidade de onde vim, Caxias, tem essa plataforma de atendimento com 400 médicos de todo o Brasil, com atendimento virtual em diversas especialidades. A teleconferência é complementar ao posto de saúde. Se muita gente começa a ser atendida [pela teleconferência], desafoga o posto. A maioria das consultas que tu vai hoje, o médico não precisa te tocar para te dar o remédio e a solução, isso tu resolve na teleconferência.
O senhor propôs escolas cívico-militares no município. Como seria a implementação?
Hoje tem a discussão sobre poder ou não instalar escolas cívico-militares na rede pública, mesmo sendo as com melhores resultados no país em escolas públicas. Cívico-militar eu vou fazer no meu colégio, que eu fundei. Se me permitirem fazer nos colégios [municipais] e, em conversa com a sociedade, ela entender que é o melhor, eu vou lutar para fazer. Se não for permitido o cívico-militar, eu quero colocar a Guarda Municipal dentro dos colégios, para tu saber que teu filho vai ter segurança, que se ele for para a aula, ele vai ter aula. Tem aluno na sexta série que não sabe a diferença de vogal e consoante, isso é culpa da estrutura. Agora, choveu e a prefeitura teve que cancelar as aulas na cidade, por causa de uma chuva, por ter colégios alagados e com goteiras. Quero melhorar a educação de Pelotas, que hoje está em um estado lamentável. Quero, também, instalar o máximo a escola em tempo integral, com monitor.
Como o senhor vê a segurança pública no município? Pretende manter o Pacto Pela Paz?
Tudo o que for bom vai ser mantido. O Pacto Pela Paz está sendo bom e essa cooperação entre as polícias funciona. Vou juntar a Guarda Municipal com a fiscalização de trânsito. Quero dobrar o efetivo da Guarda, porque aí temos a Polícia Municipal. Aí, qualquer problema que tu tiver no município, tu não chama a Brigada, mas a Guarda.
Como o senhor prevê as obras de infraestrutura? O senhor diz que precisa de um dique em todo o Laranjal…
Tem que fazer limpeza dos canais. Tem que supervisionar e melhorar a questão de bombas, que tocam a água da cidade por cima do dique. Sobre o dique do Laranjal, já deveria ter sido feito há muito tempo. Quantas vezes os moradores do Laranjal perderam tudo? Faz o dique, não ali na beira, um pouco para dentro, depois das árvores, dentro da areia, de um metro e meio de altura, de concreto, uma parte enterrada, uma parte para cima, encosta pedra, terra, grama. Estava vendo estudo de viabilidade, tem que ser com técnicos que entendam da área e façam algo que realmente funcione. Tu nem nota que tem dique, porque fica pouco íngreme e tem grama, e tu protege toda a extensão do Laranjal, até chegar na última rua, dá para contornar todo o Valverde e ir até um quilômetro para cima de onde termina hoje.
O senhor prevê remoção de pessoas de área de risco?
Quero fazer os diques para não precisar ter remoção de pessoas, porque aí não tem mais área de risco na cidade. Não precisa correr atrás a cada calamidade.
Qual a projeção de secretariado e estrutura de governo?
Vamos reduzir as secretarias, de 17 para nove ou dez. Estamos indo atrás de um corpo técnico, todos os secretários serão técnicos, eu diria o técnico-político, que consegue ter bom trato e gestão. Hoje vemos muitos na prefeitura sem qualificação, não dá para dar cargo para amiguinho em troca de apoio. Os apoios têm que ser desde que a indicação seja de pessoa qualificada.