“Viver, simplesmente, já é um grande sentimento”

Abre aspas

“Viver, simplesmente, já é um grande sentimento”

Victória Salomão, 29 anos, é jornalista, internacionalista e mestre em Ciências Políticas pela UFPel

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“Viver, simplesmente, já é um grande sentimento”
Atualmente, Victoria é roteirista e produtora de vídeo da presidência brasileira no G20 (Foto: Divulgação)

Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao trabalhar em comunicação pública em Brasília?

Sempre fui muito apegada aos meus pais. Vim sozinha no meio da pandemia com os estabelecimentos fechados e respeitando o isolamento. Conheci, em um primeiro momento, pessoas muito diferentes de mim, viajava quase todo final de semana a trabalho e ainda tocava minha dissertação. Tudo contribuiu para uma solidão que nunca havia sentido. Ainda perdi meu pai em seguida. No trabalho, aprendi muito em todas as oportunidades que tive. A mais marcante, antes do G20, foi a criação da série especial Mais Médicos: Caminhos e Encontros, do Ministério da Saúde.

O que te inspirou a lançar seu primeiro livro e sobre o que se trata?

Desde que eu comecei a escrever contos, por volta de 2016, eu escrevi histórias que se passavam no Estado, principalmente na região Sul. Primeiro, porque são as referências que eu tenho e valorizo, de modo que todas as personagens que penso estão inseridas nesse meio, com regionalismos, traços parecidos com o de pessoas que conheço e também com os meus. Eu tinha vontade de escrever só sobre Arroio Grande, onde cresci, para homenagear a cidade. Só que, apesar de eu estar quase todo fim de semana na cidade, eu morava em Pelotas (entre 2011 e 2020), estudava, trabalhava… Até que, no primeiro anúncio de pandemia, eu voltei a morar lá e todo cenário ficou muito forte na minha escrita.

Como foi esse processo?

Daquela vez eu quis registrar também os impactos de um momento histórico e angustiante na vida das pessoas, em seus sentimentos. Em maio de 2021, surgiu o Grande Sentimento, uma reunião de 20 contos curtos e fotos que tratam de diferentes personagens lidando com seus traumas, lutos e até mesmo esperanças que o quase-fim-do-mundo provocou. Está disponível em todas as unidades da livraria Vanguarda, na nova edição que lancei em 2023, na Feira do Livro de Pelotas.

Qual a principal mensagem ou tema que você quis transmitir em sua obra?

O que eu busco com o Grande Sentimento é a percepção de que em uma experiência coletiva catastrófica, que foi a pandemia do coronavírus, mais do que os números de mortes e internações e as perdas em si, algo estava diferente entre e dentro de nós, seres humanos. Cada um estava dentro de sua casa (alguns não, risos) fazendo sua própria leitura de traumas, dores, gatilhos, angústias. E isso, ambiguamente, não quer dizer individualismo, pelo contrário, uma vez que as dores podem ser (e são) parecidas, porque viver, simplesmente, já é um grande sentimento. Somos parecidos. E é essa identificação que busco com o livro e tenho percebido em feedback de leitores.

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