“Vamos rever os contratos e livrar a cidade desse lixo espalhado”, promete Marroni

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“Vamos rever os contratos e livrar a cidade desse lixo espalhado”, promete Marroni

Candidato petista critica gestão atual e reforça programas que implementou quando prefeito

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Atualizado sexta-feira,
27 de Setembro de 2024 às 17:51

“Vamos rever os contratos e livrar a cidade desse lixo espalhado”, promete Marroni
Marroni promete duas UPAs e 12 novas escolas em Pelotas (Foto: Heitor Araujo)

Ex-prefeito de Pelotas entre 2001 e 2005, Fernando Marroni (PT) inaugura a segunda série de entrevistas do A Hora do Sul com os candidatos à prefeitura de Pelotas. A ordem foi definida por sorteio com representantes das candidaturas. Integrando a chapa Nova Frente Popular, ao lado da candidata a vice Daniela Brizolara (PSOL), Marroni recapitulou programas que implementou na cidade enquanto prefeito, projetou acessar verbas federais, em proximidade ao presidente Lula (PT) e detalhou planos que pretende colocar em prática, caso eleito.

Qual a avaliação que se faz da campanha até agora?

Estamos muito felizes com a campanha, levando esperança ao povo de Pelotas. A nossa mensagem é muito clara: queremos fazer um governo com responsabilidade e com a participação popular. Aproveitar a inteligência e o potencial da cidade para impulsionar um momento de resgate dos serviços públicos. Queremos fazer novas obras públicas, com programas do governo federal hoje disponíveis para todas as cidades, de habitação, sistema de proteção e saneamento.

A sua campanha cita bastante a relação com o atual presidente. Como o senhor vê o cenário caso, em 2026, Lula não seja reeleito?

Todos sabem que as prefeituras têm dificuldades para resolver os problemas com recursos próprios. Precisamos, sim, dos programas do governo federal. Governei a cidade quando o presidente era o Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, e naquele momento fizemos 1,7 mil habitações com recursos federais e trouxemos o projeto Monumenta. As prefeituras têm direito a acessar os recursos, precisa de uma gestão que se empenhe em resgatá-los.

Como o senhor avalia a relação com o legislativo, com a possibilidade de ter minoria na Câmara, caso eleito?

Somos a segunda maior coligação do município e temos candidatos com grande potencial. Esperamos fazer maioria na Câmara. Sou homem do diálogo, governei com minoria e nunca tive problema. Não pretendo fazer nada sem diálogo franco e aberto com comunidade, Câmara e setores da economia.

Como o senhor avalia as críticas que se fazem ao tempo em que governou Pelotas?

Não há de se comparar o governo que fizemos há 20 anos, porque os problemas se agravaram e hoje continuam nas capas de jornais, os recordes negativos que a nossa cidade apresenta na educação, assistência social, com maior número de moradores de rua, na saúde, com filas intermináveis. Por que não resolveram os problemas?

Qual a sua proposta para a área da zeladoria, talvez o principal problema apontado pelas candidaturas na cidade?

O maior problema da cidade é a saúde, é o que o povo mais reclama. A zeladoria chama a atenção pelo completo abandono que a cidade se encontra. Quando estive na prefeitura, o contrato de zeladoria era três vezes maior. Por isso a cidade está assim, o contrato de manutenção e limpeza é aquém da necessidade. Vamos rever os contratos, livrar a cidade desse lixo espalhado, iniciar o processo de recuperação das vias e buscar os recursos a fundo perdido para fazer o caminho do ônibus, um programa prioritário.

Como se projeta a administração do novo Pronto Socorro, que deve ficar para a próxima gestão?

Não há transparência sobre qual é a intenção do governo do Estado com o hospital regional em Pelotas. Se é regional, é de responsabilidade do Estado e não da prefeitura. A municipalização da saúde é para tratar dos temas de Pelotas. Quando prefeito, fiz o Pronto Socorro em um ano, que atendeu toda a região e atende até hoje. Até agora, não há nenhum encaminhamento sobre como será a gestão, qual a responsabilidade do Estado e qual a responsabilidade da prefeitura.

Qual a proposta para o atendimento básico em Pelotas?

As UBS têm que ter médicos e medicamentos para que as pessoas sejam atendidas no seu local de moradia, e isso não vemos mais na cidade. Quando fui prefeito, fiz duas UBS, uma na Z-3 e outra no Cerrito Alegre, com médico e medicamento. Pelotas tem mais de 300 mil habitantes, e a cidade tem direito a ter mais duas UPAs. Vamos instalá-las na Zona Norte e Fragata.

Fala-se muito da tabela SUS desatualizada. Como lidar com isso?

Temos dois programas novos [federais], o Mais Médicos e o Mais Especialidades, que o governo federal aporta recursos. Em 2023 foram R$ 51 milhões a mais do que as verbas de saúde na pandemia, quando vieram recursos extras. E não vimos nada de resolução sobre saúde. Em 2024, são R$ 63 milhões a mais na conta da prefeitura. É possível colocar o SUS em pé na cidade, mas falta gestão.

Na educação há problemas em infraestrutura e vagas na educação infantil. Como solucioná-los?

Não há como justificar que uma cidade formadora se encontre nesta situação, de não alcançar o mínimo do Ideb, e perdendo recursos, como os R$ 5 milhões do VAAR (Valor Aluno Ano Resultado), porque não alcançamos os indicadores. São seis escolas interditadas por falta de manutenção. Houve falha de gestão. Só se faz educação com professores valorizados. Temos que fazer 12 escolas de educação infantil, foram feitas só quatro em [os últimos] 12 anos.

Há previsão de ampliação de turno integral?

Vamos começar pelas escolas de educação infantil e pré-escola nas áreas mais fragilizadas. Temos um novo programa do governo federal de escola em tempo integral, recebemos R$ 11 milhões em maio e até agora não vi nada de projeto [da prefeitura], nenhuma atitude.

Qual o seu plano de infraestrutura para eventos climáticos como o de maio?

Nossa cidade recebeu R$ 8 milhões para colocar dique em cota de quatro metros e não foi feito, fez-se o asfaltamento na cota em que estava, abaixo de três metros em alguns pontos. Tivemos oito dias de aviso que a água chegaria e passaria de três metros, e a prefeitura não fez nada. Quem fez a proteção no dique leste, que protege a cidade, foram os empresários desta região do Shopping, Parque Una e Lagos de São Gonçalo. Não fosse isso, teríamos um desastre muito grande. As obras do sistema de proteção, com recursos do PAC, vão ter que ser projetadas com a inteligência da cidade. Quando estive na prefeitura, trocamos todas as bombas das casas por mais potentes, fizemos o dique do Valverde e instalamos duas casas de bombas na Vila Farroupilha.

Quanto às populações em área de risco, o que pode ser feito nessas regiões?

Laranjal, Z-3, Balneário dos Prazeres, que hoje está com a orla solapada, vão ter planos específicos de proteção ambiental. Áreas repetidamente alagáveis e que nesta enchente perderam quase tudo, o governo federal está com programa do Minha Casa, Minha Vida para reconstruir em outro lugar. Na Z-3 é preciso desapropriar uma granja em área alta para realocar as famílias lá para cima. No Laranjal, fazer o novo dique, reforçar as casas de bombas e um novo sistema de drenagem.

Qual tua proposta para a retomada do Polo Naval e de exploração da Bacia de Pelotas?

Tínhamos cinco mil trabalhadores de Pelotas no Polo Naval. Temos que preparar os trabalhadores e empresas, que eram 23 em Pelotas. A exploração da Bacia de Pelotas é uma oportunidade enorme, com operações aéreas em Pelotas. Temos que ampliar as obras públicas pelo PAC, que geram emprego e renda, e são oportunidades para a indústria da construção.

Como ampliar a capacidade de investimentos na cidade?

Fazer 12 escolas de educação infantil e fazer quatro mil habitações do Minha Casa, Minha Vida, que é a nossa meta, abrem mercado para construção civil e para os trabalhadores. Podemos ajudar como poder público a buscar recursos a fundo perdido e financiamentos. Obras de saneamento é o melhor para fazer com financiamento, porque se eu invisto R$ 1 em saneamento, eu economizo R$ 4 em saúde, então fazer empréstimo para resolver o saneamento é uma prioridade.

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