Fábrica da Cosulati vai a leilão
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira20 de Setembro de 2024

Passivo trabalhista

Fábrica da Cosulati vai a leilão

Indústria de processamento dos produtos Danby está avaliada em R$ 98,2 milhões

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Fábrica da Cosulati vai a leilão
São mais de 300 processos contra a empresa e uma dívida que está em torno de R$ 30 milhões. (Foto: Jô Folha)

Completando 51 anos de existência neste sábado (21), a Cooperativa Sul-Riograndense de Laticínios (Cosulati) enfrenta mais um processo de venda de patrimônio para quitação de passivos trabalhistas. A fábrica dos produtos Danby Cosulati, no Capão do Leão, foi colocada em leilão por determinação da 4ª Vara do Trabalho de Pelotas (TRT). O complexo industrial é avaliado em R$ 98,2 milhões e o lance inicial é de mais de R$ 49,1 milhão. São mais de 300 processos contra a empresa e uma dívida que está em torno de R$ 30 milhões.

O primeiro pregão está marcado para 31 de outubro e o segundo para 3 de dezembro. A oferta em leilão deverá incluir a aquisição de todos os bens que compõem o complexo industrial. Com uma área total construída de 17,5 mil metros quadrados, conforme a avaliação da Zago Leilões e Armazém, os imóveis da fábrica estão avaliados em R$ 23,1 milhões, já as máquinas e equipamentos em R$ 75,1 milhões.

De acordo com o diretor adjunto da 4ª Vara do Trabalho, Eduardo Falcão, com o valor seria possível liquidar todas as dívidas trabalhistas, que têm preferência sobre as demais. “Tem mais de 300 processos envolvidos, sendo que vários deles são do sindicato que envolvem vários representados”, explica. Além da fábrica, outros bens da Cosulati já foram anunciados e vendidos, como áreas rurais no Morro Redondo.

No entanto, pela compra ter sido parcelada e os valores serem baixos para a distribuição a todos credores, o dinheiro está resguardado no processo e deverá ser anexado junto à venda do complexo industrial. “Para fazer uma divisão que seja mais substancial para cada um”, diz. Na 2ª Vara do Trabalho também há processo de venda de bens, como o imóvel localizado na Praça 20 de Setembro.

Os trabalhadores que esperam

Responsável pelas operações das máquinas em vários setores da fábrica, Antônio Marcos Silveira trabalhou por 16 anos na Cosulati. Em 2019, quando foi demitido, ele fez um acordo com a administração da cooperativa para o recebimento das verbas rescisórias, que até o momento não foi cumprido.

“Eu era da Cipa [Comissão Interna de Prevenção de Acidentes], tinha estabilidade e eles não podiam me demitir. Aí eu fiz o acordo para eles me pagarem em 48 vezes, me pagaram só duas parcelas”, relata. Na época, Silveira tinha em torno de R$ 117 mil para receber, atualmente, ele calcula, que o valor esteja em cerca de R$ 160 mil.

50 anos de Cosulati

“Era uma das melhores empresas para trabalhar”, diz Adelina Macedo. A ex-funcionária saiu da Cosulati dez dias depois de completar 50 anos de trabalho na cooperativa. “Eu saí agora sem receber nada e com dois anos de salário atrasado, sem FGTS sem nada. Só na cooperativa eram 1050 trabalhadores, fora os associados”.

Adelina também lamenta pela perda que os consumidores tiveram com o encerramento das operações da fábrica Danby Cosulati. “Tínhamos os melhores produtos lácteos da região. Tudo que produzia vendia, não precisava de propaganda. Até hoje me perguntam quando a Danby vai voltar.”

A Cosulati

A cooperativa possuía, além da Fábrica no Capão do Leão, um frigorífico de aves no Morro Redondo e uma fábrica de rações em Canguçu. No seu auge a unidade Cosulati chegava a processar em torno de 1 milhão de litros de leite por dia. Além disso, havia mais de dois mil associados em diversos municípios do Estado. “Os produtos Danby eram os dos mais respeitados, eles tinham valor e preço de venda acima da média e vendia tudo pela qualidade”, conclui Lair de Mattos.

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