História da região missioneira nasce nas reduções jesuíticas

Opinião

Ana Cláudia Dias

Ana Cláudia Dias

Coluna Memórias

História da região missioneira nasce nas reduções jesuíticas

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A exposição das imagens devocionais restauradas pelo curso de Conservação e restauro da UFPel, que abre nesta quarta-feira (18) no Museu do Doce (matéria de Cultura da edição), relembra a história da origem da região missioneira a oeste do Rio Grande do Sul. Terras que foram palco de uma feroz disputada entre portugueses e espanhóis, que resultou no fim um projeto idílico civilizatório dos jesuítas e no genocídio indígena na zona fronteiriça.  

As reduções ou missões tinham o objetivo de catequizar os indígenas de forma não violenta. O trabalho missionário era feito por católicos jesuítas, que criaram núcleos urbanizados, com igreja, praça, escolas, casas, além de grupos de estudos musicais, entre outras atividades econômicas, como o cultivo da erva-mate e a criação de gado. 

Estes centros urbanos foram desenvolvidos em regiões que hoje compreendem a zona oeste do Estado, o Sul do Paraguai e o nordeste da Argentina. No período áureo, entre 1730 e 1750 existiram os Trinta Povos, que chegaram a congregar uma população estimada em 145 mil pessoas. 

Em 1750, a partir do Tratado de Madri acordado entre Espanha e Portugal, os Sete Povos foram trocados pela Colônia do Sacramento, que hoje pertence ao Uruguai, provocou a Guerra Guaranítica de 1753, levando ao sacrifício da população indígena guarani que vivia na região. 

Neste período surgiu a figura do líder indígena Sepé Tiaraju, que não obedeceu às ordens de desocupação das terras brasileiras das missões e, junto com outros guaranis, criou uma resistência armada. Sepé Tiaraju foi morto na Serra do Batovi, onde hoje fica a cidade de São Gabriel, em 1756. Apunhalado pelas costas, dizem que teria pronunciado a famosa frase: “Co yvy oguereco yara (Essa terra tem dono)”. 

Patrimônio da Unesco

Foto: Ana Cláudia Dias

Representante mais famoso dessa epopeia em solo gaúcho, as ruínas da igreja de São Miguel Arcanjo, no município de São Miguel das Missões, é um marco do esforço dos jesuítas no trabalho missioneiro. A antiga igreja, junto com representantes dos outros dois países, é considerada uma das mais importantes representações da arquitetura colonial de “autêntica raiz missioneira, o barroco missioneiro”. 

A exuberante igreja, que resistiu ao tempo, ao abandono e aos saqueadores, é obra do arquiteto milanês João Batista de Prímoli, que permaneceu em São Miguel entre 1735 e 1744. As ruínas reconhecidas como patrimônio da humanidade pela Unesco podem ser visitadas no parque, que guarda ainda restos da civilização que ali existiu e um museu, atualmente fechado, mas que expõe aos visitantes alguns exemplares de esculturas sacras através das paredes envidraçadas. 

À noite, no sítio arqueológico é apresentado o espetáculo de som e luz (R$ 25,00 a entrada), que reproduz os últimos momentos daquela redução.

Em síntese

1609 – é criada a primeira redução, a de San Ignacio Guazú, no sul do Paraguai.

1626 – Surge a primeira redução no Rio Grande do Sul, fundada pelo padre Roque González. Surgiram ao todo 18 reduções, arrasadas pelos bandeirantes no final da década de 1630. Os índios e os missionários fugiram para a Argentina e retornaram 50 anos depois para construir os Sete Povos.

1682 – Início do segundo ciclo missioneiro no Estado. A partir daí surgem os Sete Povos: São Francisco Borja (atual São Borja), São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista e Santo Ângelo Custódio.

1756 – Exércitos de Portugal e Espanha invadem os Sete Povos tentando colocar em prática o Tratado de Madri de 1750, que estabelecia a troca da Região Missioneira pela Colônia do Sacramento.

1767/1768 – expulsão dos Jesuítas de todas as colônias de domínio espanhol

1801 – O território das Missões é definitivamente incorporado ao Brasil 

1831 – Com a extinção dos Sete Povos, o governo imperial declara pertencer aos próprios nacionais as terras dos índios das Missões.

Fonte: livro Fascínio e mistério nas ruínas das Missões (Berthier, 2017), de Ignacio Dalcim
Há 50 anos

Aberta a Semana do Trânsito em Pelotas 

A Semana do Trânsito em Pelotas foi aberta às 10h com um desfile de veículos da Circunscrição Regional de  Trânsito, 4º Batalhão de Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Prefeitura.

Na programação realizada entre 18 e 25 de setembro estavam uma série de palestras educativas de trânsito em escolas e empresas de transportes. No Serviço Municipal de Turismo e na Universidade Católica de Pelotas ocorreram exposições fotográficas de graves acidentes. A Ciretran também promoveu um concurso para a escolha do Motorista Padrão.

De acordo com o delegado, José de Luca, o dado positivo foi a redução em 80% dos acidentes na avenida Duque de Caxias. A boa notícia foi atribuída a abertura da pista para ciclistas no canteiro central.

Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense
Há 100 anos

Afonso Emílio Massot faz visita a Pelotas

Em viagem de inspeção a várias unidades do Estado estava em Pelotas o coronel Afonso Emílio Massot, comandante geral da Brigada Militar. A autoridade foi recebida na Estação Ferroviária pelo Coronel Pedro Osório acompanhado pelo capitão Florentino Paradeda, representando o intendente, Augusto Simões Lopes, além de ser comandante do batalhão do município. Massot, que era nascido em Pelotas, morreu um ano depois dessa visita, em 21 de outubro de 1925, aos 60 anos em Porto Alegre. O coronel comandou a Brigada Militar por 20 anos e em 1953 recebeu o título de Patrono da instituição.

Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense

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