Vereadores articulam abertura de nova CPI do Pronto Socorro

Investigação

Vereadores articulam abertura de nova CPI do Pronto Socorro

Cirurgião ouvido pela câmara denunciou crimes que estariam sendo cometidos no PS

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Vereadores articulam abertura de nova CPI do Pronto Socorro
Cauê Fuhro Souto disse seria prevaricação deixar a CPI para depois. (Foto: Eduarda Damasceno)

O vereador Cauê Fuhro Souto (PV) articula a abertura de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias levadas pelo cirurgião vascular Diego Larangeira à câmara na quarta-feira (11) a respeito do Pronto Socorro (PS) de Pelotas.

Larangeira afirmou que prontuários não eram preenchidos adequadamente pelos médicos de plantão, e sim pelos residentes, que não eram acompanhados pelos plantonistas. Segundo ele, todas as reclamações eram feitas à sua chefia imediata e ele nunca foi alvo de uma queixa formal.

Fuhro Souto acredita já ter vereadores suficientes para assinar o pedido de abertura. “Estamos terminando de fazer o documento para abrir a CPI”, diz. Ele sustenta que a CPI deve ser instaurada imediatamente. “Não tem como esperar, com as coisas que se escutou, seria prevaricação deixar para depois.”

O vereador sugere que a vereadora Miriam Marroni (PT) seja indicada como relatora e afirma que, mesmo antes da abertura da CPI, vereadores irão até o Ministério Público para apresentar as denúncias.

“Há uma série de indícios muito graves”, classifica a vereadora Miriam. Sobre as suspeitas de motivação política das denúncias, Miriam considera que precisam ser esclarecidas, mas que as acusações exigem prioridade. “Mesmo que tenha havido motivação política de alguns, os fatos indicam negligência”, afirma.

O presidente da CPI do Pronto Socorro em andamento, Rafael Amaral (PP), afirma que as denúncias são graves e que “a abertura de CPI é questão de tempo”. “Me causou alerta que ao começar a CPI passaram a segurar exames. Será que todos os exames estavam com preço de mercado?”, diz.

Amaral sustenta que outros envolvidos devem ser ouvidos, como representantes do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), a secretária de saúde Rosana van der Laan e a atual diretora-geral do PS, Veridiana Duarte.

Jurandir Silva (PSOL), relator da CPI presidida por Amaral, defende que o depoimento seja levado ao Ministério Público antes da abertura de uma nova comissão. “Nos parece um movimento essencial, pois o MP pode realizar alguns procedimentos urgentes, mesmo antes de necessárias movimentações da Câmara, como a instalação de uma nova CPI”.

O que é denunciado

As denúncias vieram à tona através do vereador Anselmo Rodrigues (PL), que apresentou uma série de documentos que seriam relacionados à denúncia. Em meio aos relatos, há reprodução de mensagens de cunho eleitoral, afirmando que “isso derrete a candidatura de Estima”, que “esse governo tem que cair” e que ele teria conversado com o candidato a prefeito do PL, Marciano Perondi.

Ele afirma ainda que a direção do PS passou a restringir a realização de exames e procedimentos em pacientes que não deram entrada por urgência ou emergência e que a atual diretora-geral não é qualificada para o cargo. Larangeira foi demitido do Pronto Socorro em junho por “condutas inadequadas”, segundo o governo.

Contraponto

Questionado sobre o tema, o governo respondeu em nota que “o médico repetiu as denúncias vazias já apresentadas na Câmara na terça-feira (10) e confirmou as irregularidades cometidas por ele mesmo. A gestão municipal reitera que encaminhará o caso ao Ministério Público para apurar o vazamento de informações de prontuários médicos de pacientes.”

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Eduardo Neubarth Trindade, emitiu uma nota, sem citar nominalmente Diego Larangeira, criticando a postura classificada como uma “tentativa de desacreditar a classe médica, fato agravado por suposta tentativa de uso político-eleitoral”.

A nota diz ainda que “o foro adequado para encaminhar denúncias que envolvam a atividade médica” é o conselho e que o Cremers vai buscar informações para esclarecer os fatos e apurar responsabilidades. Trindade conclui a nota afirmando que “reforça a confiança nos médicos de Pelotas, que trabalham diuturnamente para salvar vidas”.

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