Um grupo de professores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) conquistou o primeiro lugar em competição internacional de ciência aberta.
A equipe descobriu sete novas moléculas capazes de combater a proteína da Covid e que podem gerar medicamentos. Feito que foi capaz de vencer competidores de grandes empresas farmacêuticas dos Estados Unidos e da Europa.
Dos 22 grupos que competiram, o dos pesquisadores da região foi o único do sul global a participar e ser liderado por uma mulher, a professora de Ciências Computacionais da Furg, Karina dos Santos Machado.
Objetivo
A competição foi promovida pela organização biotecnológica canadense para a descoberta de novos medicamentos, Consience. E o objetivo foi a identificação de moléculas capazes de se ligarem a um alvo específico da Covid, a NSP13, que é uma proteína importante na replicação do vírus.
Para isso foi disponibilizado aos competidores um banco de dados com milhões de moléculas diferentes e cada time tinha que selecionar (usando métodos computacionais) as mais promissoras para serem testadas em laboratório.
“Em um projeto de descoberta de novos medicamentos, essa geralmente é a primeira etapa, chamada triagem virtual”, explica o professor de Biotecnologia da UFPel Frederico Kremer. O trabalho de pesquisa foi realizado com ferramentas de Inteligência Artificial de código aberto.
Conforme a professora Karina, somente na primeira etapa da competição, eles tiveram que encontrar cem moléculas em um universo de quatro milhões. “Selecionar as que a gente imaginava que poderiam inibir a proteína. Se tu estás contaminado com SARS-CoV-2 o medicamento em teoria iria inibir a replicação do Vírus”, diz.
As moléculas
Ao final da competição, foram apresentadas em torno de 2,5 mil moléculas pelos 22 grupos e apenas 46 delas tinham alguma atividade de combate à proteína. Desse número, oito foram indicadas pelo grupo da UFPel- Furg.
A importância do resultado
A partir da descoberta, as moléculas poderão ser utilizadas por laboratórios e farmacêuticas na confecção de medicamentos para o combate do coronavírus. “Esse é o resultado mais importante”, ressalta a professora. “Essa etapa de identificar as moléculas encurta o processo de gerar um remédio”, complementa Kremer.
O sistema utilizado pela equipe ainda poderá ser uma ferramenta de descoberta de formas de combate de diversas doenças. “Esse desafio foi uma oportunidade de testar se aquilo que estamos fazendo no computador se confirmará nas etapas de laboratório”, explica Karina. Atualmente eles trabalham na busca de medicamentos para a tuberculose e o câncer.