“Esse processo se deu depois de muito amadurecimento”

Entrevista

“Esse processo se deu depois de muito amadurecimento”

Fábio Ruivo, diretor de planejamento da Biscoitos Zezé, fala sobre o processo de mudança na gestão da empresa

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Atualizado terça-feira,
10 de Setembro de 2024 às 11:38

“Esse processo se deu depois de muito amadurecimento”
Fábio Ruivo (D) fala sobre os novos rumos da empresa. (Foto: Divulgação)

Abrir mão da gestão familiar depois de 56 anos não deve ter sido uma decisão fácil. Como se deu este processo?

Esse processo se deu depois de muito amadurecimento, de muita discussão, de muita conversa, de muita análise. Eu acho extremamente saudável, porque nosso raciocínio foi de que a empresa hoje ganhou um status bem mais representativo, tanto para a cidade quanto para a economia do Rio Grande do Sul como um todo, e que os próximos passos são agora muito mais pensados e muito maiores. Então, faz todo o sentido a gente buscar talentos, buscar novas pessoas, buscar oxigênio fora do ambiente familiar. Então, acho que nós fomos muito felizes e foi uma decisão que fluiu bastante bem por isso: a gente acredita muito em planejar o futuro a longo prazo agora, claro que um passo de cada vez, mas acredita muito na perpetuação da empresa, do negócio, ainda como uma empresa familiar, mas com a profissionalização da gestão. Então, nós decidimos que seria o momento agora de investir em gestão, em governança e buscando talentos. E nisso a gente se esforçou bastante em trazer neste momento duas pessoas com currículos muito bons, com perfis muito bons, que estão muito alinhados com os valores da empresa, com tudo o que se fez nesses 56 anos, o que obviamente tem muito mérito do meu pai, José, do meu tio, João e do meu tio, Jader, que trabalharam muito, prosperaram, arriscaram e que nos trouxeram até aqui de uma forma muito sólida. Talvez pudesse ter experimentado um crescimento maior em outras etapas, mas o fato é que se chegou aqui com muita solidez. Esse é um princípio da empresa, um passo de cada vez, muita constância. E esses novos executivos absorveram isso, têm muito presente esses valores e acho que vão nos levar para um patamar de grandes possibilidades de avanço, mas sempre respeitando o histórico e os valores da empresa.

O que Pelotas e o estado podem esperar da Zezé a partir dessa mudança?

Podem esperar uma empresa bem mais dinâmica, com um nível de governança e planejamento bem mais estruturado, que vai solidificar ainda mais o trabalho que temos. A gente pensa que tem muito a construir ainda. Esses 56 anos nos trouxeram uma construção de marca muito sólida, muito positiva, que entrega para o consumidor o que de fato a gente quer entregar, um produto de muita qualidade, que traz características artesanais com uma escala industrial. Um produto que traz, que denota, realmente carinho. Todo o carinho que a gente sempre empenhou nesse processo, diariamente dentro da produção, procurando melhorar. A gente tem a felicidade de hoje de conseguir transmitir isso para a nossa marca. A gente espera que a nossa marca possa agregar muitas outras linhas, além de biscoitos. Isso é um desejo. Então, o que a gente pode deixar como mensagem de expectativa do futuro é que a gente tem muita convicção de que podemos fazer muito mais.

A expansão dos últimos anos foi muito grande. A Zezé continua seu processo de expansão para mais estados brasileiros?

O que nós podemos dizer hoje é que a gente enxerga muito mais possibilidades ainda dentro dos mercados que atuamos. Especialmente Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com foco principal no Rio Grande do Sul. A gente tem um espaço para crescer muito grande. Temos uma construção de marca muito bem feita, por um parceiro nosso, o Sylvio [Balverdu], que eu gosto sempre de mencionar, que nos ajudou muito nisso, a reforçar, a ter essa solidez. Então, eu acho que a nossa marca, fora a linha de biscoito, batatas e snacks, tem muito a crescer em outras áreas dentro do ramo alimentício e dentro do Rio Grande do Sul. Então, depois de ter exaurido as possibilidades dentro do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, temos com certeza a ideia de ir para outros estados brasileiros. A gente já tem alguma venda em São Paulo, Mato Grosso, Espírito Santo, Brasília e exporta para o Uruguai, mas o nosso foco continua muito interno, pensando em Rio Grande do Sul pelas possibilidades que a gente tem aqui.

E por fim, onde a família Ruivo vai colocar sua energia a partir de agora, já que está saindo da operação da empresa?

A empresa vai continuar sendo 100% familiar, a família vai estar muito presente ainda, muito em cima do negócio. Estamos transferindo, com muita confiança, o dia a dia da operação para duas pessoas que têm muito a ver com o nosso perfil, por isso a gente se sente tão bem e tão tranquilos nesse processo de mudança. Neste momento, a família ainda vai se dedicar muito ao negócio Biscoitos Zezé. É claro que a gente já pensou em outras atividades, são várias possibilidades que temos dentro da família de diversificar negócios, mas tudo a seu tempo. A Zezé continua sendo o nosso negócio, nosso principal negócio e vai nos demandar toda a atenção, até porque temos um planejamento no primeiro momento de curto prazo, de dois três anos, sendo muito conduzido pelo Miranda e pelo João Henrique e vamos esperar os primeiros resultados. Acho que a empresa talvez precise ainda muito da família, não no dia a dia da operação, mas como suporte para os novos executivos.

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