Na última semana, o governo federal prorrogou para até 15 de setembro o prazo de recadastramento do Auxílio Reconstrução. Assim, a prefeitura de Pelotas inicia nesta quarta-feira (4) um mutirão para atender às famílias que ainda não tiveram acesso ao benefício.
Em Pelotas, a prefeitura aponta que cerca de duas mil famílias não tiveram acesso ao Auxílio Reconstrução devido à dificuldade cadastral. Outras 4,3 mil conseguiram.
Cada localidade atingida pelas cheias terá data específica para o mutirão, que ocorre no Paço Municipal entre hoje e o dia 13, com a distribuição de fichas entre as 8h e 14h.
Confira o cronograma do mutirão na sede da Prefeitura
– Quarta-feira (4 de setembro): Colônia de Pescadores Z-3 (228 cadastros*)
– Quinta e sexta-feira (5 e 6 de setembro): Laranjal (622 cadastros*)
– Segunda e terça-feira (9 e 10 de setembro): Areal, Centro, Ceval, Doquinhas, São Gonçalo (618 cadastros*)
– Quarta e quinta-feira (11 e 12 de setembro): Fragata, Simões e Farroupilha (586 cadastros*)
– Sexta (13 de setembro): remanescentes
* número de famílias que tiveram o acesso negado ou ainda estão com o processo em avaliação
Problemas de documentação
Segundo o governo federal, o maior obstáculo enfrentado para a liberação das verbas é a falta de comprovação do endereço informado. Portanto, um dos requisitos da prefeitura de Pelotas é de que sejam entregues as documentações de todos os integrantes do núcleo familiar.
Dessa forma, o Dataprev – que checa os dados informados pelas prefeituras – terá maior probabilidade em relacionar a solicitação do auxílio aos moradores das localidades atingidas.
Meses de espera
Milhares de famílias tentam retomar a rotina de normalidade após a enchente de maio. Nas Doquinhas, moradores relatam que grande parte da comunidade teve problemas com o cadastro junto à prefeitura para acessar as verbas federais.
É o caso das irmãs Priscila e Ticiane Silva de Araujo (35 e 38 anos, respectivamente). Elas são vizinhas em terrenos de posse, e há mais de dois meses iniciaram as tratativas com a prefeitura para receber os auxílios.
Priscila afirma que foi quatro vezes apenas para tentar cadastrar o CPF. Depois, no fim de julho, recebeu a informação de que o cadastro estava em análise. Agora, com o pedido negado, ela acessou o site do governo federal e recebeu a informação de que precisa cadastrar a documentação dos três filhos que moram com ela.
Início de reconstrução
No Pontal da Barra, a situação inverte-se. Grande parte dos moradores já recebeu o Auxílio Reconstrução. Na localidade, as famílias estão reerguendo as casas que foram destruídas pelas águas, após doação de material entre a prefeitura e a iniciativa privada.
“O auxílio me ajudou muito!”, garante a aposentada Rosa Maria Koglin, 65 anos. Com a verba de R$ 5,1 mil, ela mandou fazer três portas novas para a casa e pagou dívidas adquiridas durante a enchente, e recebeu doações de alguns móveis, como geladeira e balcão de pia.
Ao menos duas famílias, no entanto, afirmam que tiveram o auxílio negado pelo governo federal. É o caso da pescadora Marilanda Fonseca, 37 anos. Ela tentou três vezes requisitar o auxílio reconstrução.
Na última semana, descobriu que o pedido foi rejeitado porque consta que “outro CPF no meu Cadastro Único já fez o pedido, mas sou só eu e minha mãe no Cadastro, e nenhuma das duas fez a solicitação”, diz.