Pelotas caiu 57 posições e Rio Grande 40 em comparação a 2023 no Ranking de Competitividade dos Municípios. Nas duas cidades, os indicadores de acesso à educação e saúde caíram, já nos índices de dinamismo econômico e inovação houve avanços.
O estudo realizado anualmente pelo Centro de Liderança Pública (CLP), analisa 410 cidades do país com mais de 80 mil habitantes e baseia a avaliação em 65 indicadores considerados fundamentais para a promoção da competitividade e melhoria da gestão pública. A prefeitura de Pelotas não comentou o ranking por não ter tido tempo hábil de analisar os dados.
Dentre os 24 municípios do Estado avaliados, Pelotas está na 16ª posição e Rio Grande em 18º. Já a nível nacional, as cidades ocupam a 198ª e o 262ª colocações respectivamente. Conforme o coordenador do curso de Gestão Pública da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Luís Peixoto, os resultados são considerados insatisfatórios se comparados a outras cidades com desempenhos melhores mesmo com PIBs menores. “Pelotas e Rio Grande ficam no chamado meio de tabela, o que é pouco se comparado com o desempenho de outros municípios gaúchos, como Lajeado e Ijuí”.
Saúde e educação
O acesso à saúde, um dos pilares fundamentais, caiu consideravelmente nos dois municípios. Em Pelotas, a redução na cobertura vacinal e do atendimento pré-natal foram os fatores que levaram a diminuição no ranking. Em Rio Grande, além do índice menor de vacinação, também houve queda na cobertura de saúde complementar.
Em relação ao acesso à educação, a taxa insatisfatória de atendimento à educação infantil é o principal problema em Pelotas, que restringiu a ascensão no indicador. Na cidade portuária, a situação é semelhante, mas também com queda em outros segmentos, como taxas de matrículas. Já na qualidade da educação, ambos municípios subiram posições com boas avaliações no Enem e Ideb.
De acordo com o economista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Marcelo Passos, apesar das diversas universidades e os institutos federais, a piora na educação reflete uma condição de desigualdade no acesso ao estudo. “A qualidade da educação subiu 25 posições, mas ainda ocupamos um lugar muito insatisfatório no ranking, 361ª posição”, aborda sobre Pelotas.
Segurança
A segurança também foi um dos indicadores que mais teve queda em Rio Grande. O município está na 310ª posição entre as 410 cidades devido ao número de mortes violentas e mortalidade de jovens por razões de segurança. Entretanto, o secretário de segurança do município, Anderson Castro, diz não reconhecer os dados do ranking por não ter tido acesso a base de informações utilizadas na avaliação. “Usamos os dados do RS Seguro para manter os parâmetros de segurança e todos estão positivos”.
Inovação e dinamismo econômico
No setor de economia, Rio Grande avançou no indicador de inovação e dinamismo e ocupa a 45ª posição, entre as 410 cidades. O principal fator que impulsionou a melhoria foi o crescimento do PIB per capita, apesar da diminuição do crescimento da renda média per capita.
Já Pelotas recuou 20 posições, o que a colocou na 109ª colocação. Mesmo com o crescimento da renda média per capita, a cidade perdeu em renda média do trabalho formal e em empregos no setor criativo.
Cenário mais favorável na economia
Conforme o gestor público, Luis Peixoto, o desenvolvimento econômico em Rio Grande é impulsionado por investimentos no Porto e projetos da Petrobrás. Já para o economista Marcelo Passos, a economia pelotense melhorou seu dinamismo (galgou 82 posições) devido a melhora nos setores do comércio, construção e serviços.
Funcionamento da máquina pública
Neste indicador, Pelotas avançou mais de 30 posições, puxado principalmente pela diminuição no tempo para a abertura de empresas. Já a sustentabilidade fiscal caiu 19 posições devido a dependência fiscal e gasto maior com pessoal. Rio Grande caiu dez posições, influenciado principalmente pela avaliação ruim da qualificação dos servidores. Já na sustentabilidade fiscal a cidade foi bem avaliada, enquanto, Pelotas perdeu alguns pontos.