“Nossa persistência, sem falsa modéstia, tornou as Lobas uma referência”

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“Nossa persistência, sem falsa modéstia, tornou as Lobas uma referência”

Coordenador do futebol feminino do Pelotas, Marcos Planela fala de legado, presente e futuro

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“Nossa persistência, sem falsa modéstia, tornou as Lobas uma referência”
Time de Planela estreia neste sábado no Gauchão Sub-15 (Foto: Aline Klug)

Muitas meninas passaram pelo projeto de futebol feminino do Pelotas desde julho de 1996, e Marcos Planela sempre esteve lá. O coordenador e técnico das Lobas ajudou a modalidade a ganhar espaço. Chegou a integrar a comissão da seleção sub-17 em 2009. Por isso, fala de legado, presente e futuro. As gurias do Áureo-Cerúleo estreiam neste sábado (31) no Gauchão Sub-15, contra o Juventude Dr. Salomé, em Gravataí, às 15h.

O projeto foi fundado quando o investimento em futebol feminino era muito menor. Qual foi o impacto das Lobas para a modalidade no Brasil?

O cenário dos anos 90 era bem diferente, mais difícil, com menos competições, menos apoio, menos equipes e menos atletas. Nossa persistência, sem falsa modéstia, tornou as Lobas uma referência no Estado e conhecida nacionalmente. Equipes como a nossa e outras pelo Brasil foram fundamentais pela persistência. Sempre cito o Juventus (SP), o Avaí/Kindermann. Alguns já não está no cenário, como Radar (RJ), Saad (SP), que foram históricos. Botucatu, São José (SP). Dos que estão ainda no cenário e representam esse período, ainda conseguindo fazer frente às grandes grifes, é a Ferroviária (SP).

A dupla Gre-Nal esteve fora do cenário de 2002 [Grêmio] e 2003 [Internacional] até 2017. Tivemos aqui como adversários por mais tempo o Juventude e o Rio Grande. Ambos pararam. O Juventude voltou nesse movimento a partir de 2017, 2018, por obrigatoriedade da Fifa e da Conmebol. O Pelotas se manteve constante com essas chegadas e saídas de marcas e clubes.

Algumas atletas formadas por aqui chegaram a grandes clubes e palcos do futebol mundial. Quais tu destaca?

Tivemos a cada temporada destaques técnicos. Muitas delas migraram para clubes maiores, até mesmo para o exterior. Em 28 anos, o Pelotas teve 28 anos que aqui tiveram sua base ou passagem convocadas para a seleção brasileira. Não gosto muito de falar em nomes, mas se tiver que destacar algumas, a maior sem dúvidas é a Andressinha, que hoje ainda está no Palmeiras. Teve uma lesão importante, rompeu o ligamento cruzado do joelho esquerdo na semifinal da Libertadores do ano passado como titular do Palmeiras contra o Nacional de Medellín. Tentava a terceira chegada consecutiva à final da Libertadores. Foi campeã pelo Corinthians e pelo Palmeiras. O processo de recuperação dela está sendo muito bom, mas ainda leva algum tempo para ela retornar.

Além da Andressinha, a Débora Maciel saiu do Pelotas e teve passagem pela seleção sub-20. Ela foi estudar e jogar nos Estados Unidos e hoje joga na liga profissional de Portugal. Marina Cabral, que também foi para os EUA, foi a capitã da nossa equipe campeã gaúcha sub-17 em 2016. Por opção ela parou de jogar e se formou recentemente em psicologia nos EUA.

E temos atletas hoje jogando no Grêmio, Inter, Avaí, Atlético Mineiro, São Paulo, Botafogo… Então temos meninas espalhadas entre as séries A-1 e A-2, em torno de dez. E nas categorias de base são várias no Inter e no Grêmio principalmente, clubes em que temos acesso facilitado pela construção que construímos, mas também no Criciúma, Avaí. A Stephanie Cabral, natural de Santa Vitória, foi jogar na China no ano passado. Paola Kichler jogou em 2021 no Pelotas e com 16 para 17 anos se transferiu para o Grêmio. Hoje é atleta do sub-20 e do grupo adulto do Grêmio.

Atualmente o investimento de clubes como Grêmio e Inter na base é muito maior. De que forma o Pelotas encara, então, o Gauchão Sub-15?

Em função dessa diferença de estrutura e aporte financeiro, temos uma meta. Um compromisso com a tradição e o nome que as Lobas possuem. Com os títulos conquistados [Gauchão adulto em 2008 e sub-15, sub-17 e sub-18]. Temos uma meta de classificar entre os semifinalistas. E tentar ser o melhor colocado do interior. Depois, nos enfrentamentos com a dupla Gre-Nal, procurar fazer o melhor nível possível, aguardando a história de cada jogo. Vamos tentar ser competitivos.

Para o futuro breve, qual a saída para tentar manter o projeto viável e capaz de gerar frutos?

Temos que iniciar um novo ciclo de crescimento. O Pelotas teve vários picos de desenvolvimento. Quando foi campeão gaúcho adulto, quando participou de duas edições da Copa do Brasil [antigo Brasileirão], quando tive passagem pela comissão técnica da seleção brasileira sub-17 em 2009… Isso foi aumentando a visibilidade, a credibilidade e o apoio. Só que agora é um novo contexto, com uma Copa do Mundo no Brasil em 2027. O Pelotas não pode perder o trem da história. Tudo que a gente construiu, conquistou, obstáculos que ultrapassamos, tem que servir de ensinamento para estarmos nesse novo cenário que se avizinha.

A gente já está trabalhando no bastidor para tentar mudar a forma de gerenciamento do departamento feminino do Pelotas a partir de 2025. Tenho tido várias reuniões nesse sentido com instituições importantes. É um trabalho paralelo que segue até o fim do ano.

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