O timing do empréstimo
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira20 de Setembro de 2024

Editorial

O timing do empréstimo

O timing do empréstimo
Prefeita conversou com o A Hora do Sul para falar sobre o empréstimo (Foto: Jô Folha)

Por anos a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) criticou o fato de ter que pagar dívidas de governos anteriores. Não foi nem uma ou duas vezes que lamentou publicamente ter a sua capacidade de investimentos freada pelas longas contas de precatórios de décadas e que estouram a cada mês no colo dos atuais gestores. Por isso, soa desconexo quando seu governo faz um pedido de empréstimo de R$ 60 milhões – o maior valor solicitado pela atual gestão – a quatro meses de deixar o governo.

A explicação faz todo o sentido. Estamos no pós-enchente. As condições são boas. A ideia é deixar dinheiro para terminar as obras necessárias em caixa para o próximo prefeito, seja quem for. Garantir execuções de extrema necessidade, como o dique do Laranjal. Aliás, a prefeita foi extremamente elegante e democrática ao telefonar para o jornalista do A Hora do Sul, Douglas Dutra, para dar as justificativas que não vieram para a edição impressa desta quinta-feira (29).

Mas sempre tem um ‘mas’. Estamos às vésperas de uma eleição e, hoje, toda medida, popular ou impopular, vai ser levada para esse lado. Para a crítica e para o elogio. Se fizer, é medida eleitoreira. Se não fizer, é abandono. A tomada de decisão para qualquer lado neste momento é uma faca no pescoço do gestor, mesmo dos que vão abandonar o cargo.

Justamente por em breve termos um novo governo, talvez fosse momento de aguardar. A 40 dias das eleições, não faria mais sentido dialogar com o sucessor, ainda indefinido, para ver se vale a pena tomar tamanha dívida em uma cidade já endividada? Fora o fato de a discussão ter virado um palanque eleitoral também no legislativo.

De qualquer modo, temos agora a garantia de obras e também a garantia de (outra) conta grande para o próximo governo pagar. Em plena campanha eleitoral, discutir a maneira de capitalizar a cidade além de empréstimos, taxas e impostos é essencial para sair do atoleiro financeiro que Pelotas acabou entrando por diversos fatores, como a questão do ICMS, a pandemia, a enchente e tanto mais.

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