“O meu potencial está naquilo que me torna diferente”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira20 de Setembro de 2024

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“O meu potencial está naquilo que me torna diferente”

Pelotense Raul de Moraes Firpo, 30 anos, compartilha na internet enfrentamentos a crises emocionais

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“O meu potencial está naquilo que me torna diferente”
O pelotense Raul de Moraes Firpo, 30 anos, ficou conhecido pelos vídeos publicados nas redes sociais, em que traz à tona situações de crises emocionais enfrentadas (Foto: João Pedro Goulart)

Como se desenrolou a sua trajetória?

A minha história de vida é muito maior do que eu tenho falado na internet. Na internet é a minha história de vida com a minha doença, o meu estado adoecido. Eu tenho uma trajetória de vida normal, como todo mundo, de muita luta e trabalho. Desde muito novo eu trabalho, comecei com 13 anos. E sempre construí e conquistei as coisas através do trabalho. Porém, sempre tive muita dificuldade em lidar com as coisas, com as minhas emoções e sempre passei por dificuldades bem agudas. Desde pequeno eu fui diagnosticado com TDAH e tive crises depressivas.

E depois?

Depois, na maturidade, próximo dos 25 anos, eu fui ter outros diagnósticos. Desde então, venho buscando me tratar e entender o que é um diagnóstico de transtorno emocional. Venho tentando levar a minha vida de outras formas. A minha história de vida é que sou uma pessoa que, em um determinado ponto, entendi que o meu potencial está naquilo que me torna diferente. Uma pessoa que se propôs a olhar para dentro de si e fazer uma reforma íntima no sentido de poder olhar ao seu redor. E poder, ou pelo menos querer transformar a realidade das pessoas que estão à volta.

Como é passar por essas situações e conseguir se abrir com as pessoas sobre isso?

Como eu sei do sofrimento, porque sofro na pele diariamente, me esforço, me dedico, sei que é muito difícil para as pessoas que têm transtornos emocionais lidarem com a sociedade, com os preconceitos, com a sua própria dor ou com a família. Eu decidi que estou num estágio de superação extrema, que tinha obrigação moral de compartilhar isso com o mundo e mostrar: “eu estou aqui”. Não sou anormal, sou uma pessoa normal, tenho transtornos emocionais, dificuldade de lidar com as minhas emoções, e existem outras pessoas no mundo que se sentem assim. O meu objetivo nas redes sociais é passar para as pessoas que elas devem ter um olhar de mais compaixão e compreensão com quem sofre com algum tipo de transtorno. Mas principalmente mostrar para as pessoas com algum transtorno ou em um momento transtornado que elas não estão sozinhas.

E de que maneira tu pretende agir com essas pessoas?

Levando a comunicação. Eu não tenho nenhum tipo de formação na área da saúde, então não falo como autoridade médica, psicológica. Eu falo com autoridade de quem conhece pela própria experiência, que viveu isso. A minha ideia é levar para as pessoas o seguinte: hoje eu estou ansioso. Como me sinto quando estou ansioso? Com vontade de ir para casa, me trancar no quarto, meu peito dói, enfim, seja o sintoma que for, e mostrar para as pessoas a ferramenta que vou utilizar.

Qual dica você pode dar para o leitor que pode estar enfrentando algum momento ruim?

A primeira coisa é manter a calma. E isso é o mais difícil de tudo. A segunda coisa é procurar um propósito de vida que te deixe mais à vontade. Mas o mais importante é olhar para quem tu confia e dizer: “eu preciso de ajuda”. E para quem receber esse pedido, procure ajudar de forma compreensiva e acolhedora.

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