Marciano Perondi é candidato a prefeito de Pelotas pelo PL. Ele disputa em chapa pura, com Adriane Rodrigues como candidata a vice. Perondi é o quarto entrevistado pelo A Hora do Sul na primeira rodada de entrevistas com os candidatos. Na sexta-feira (16) será publicada a entrevista com o candidato Fernando Marroni (PT).
Por que ser prefeito de Pelotas?
Eu venho a Pelotas há 14 anos mais ou menos. Eu vi um potencial gigantesco nessa cidade, tanto é que eu comecei a investir em Pelotas. Em 2019 eu acabei adquirindo a Torre Central Park e encaminhei toda a documentação para o término da obra. Percebi que faltava um colégio mais inovador e acabei fundando o colégio Praça XV. Muitos pais de alunos que eu tenho no colégio que são empresários relatam a dificuldade que eles têm de investir na cidade, uma cidade muito burocrática, que não é amistosa ao empreendedor e que barra muita coisa. Quando eu vou para bairros e tenho contato com a população mais pobre eu vejo como esse povo é sofrido e como falta oportunidade num lugar que seria tão amistoso ao empreendedorismo. Do jeito que é tratada a população de Pelotas pelo agente público, parece que a prefeitura está fazendo um favor em deixar que ele entre aqui para investir. Os nossos filhos vão embora de Pelotas, se formam e vão embora. As pessoas que se perde nessa cidade geralmente são pessoas com qualificação, com mais poder aquisitivo e que têm como ir embora e procurar outras oportunidades. Por isso eu quis ser prefeito, para tentar mudar essa realidade e trazer prosperidade, trazer desenvolvimento.
Quais são os principais desafios que vê em Pelotas?
A gente tem que diminuir a máquina pública, diminuir o número de secretarias para começar a sobrar dinheiro para conseguir aplicar em outros setores. Tem que trazer desenvolvimento para cá. Hoje nada funciona direito, a prefeitura não consegue dar nenhuma manutenção para as ruas. Praticamente inexiste tratamento de esgoto, o esgoto da maioria dos bairros é a céu aberto. A prefeitura não consegue fazer o esgoto da cidade, faz uma PPP de esgoto. Em quatro anos, cinco anos, tu tem todo esgoto da cidade feito e tratado.
A zeladoria é um dos principais problemas de Pelotas. O que pode ser feito?
Tudo volta para a questão da gestão. Hoje estão dez partidos dentro da administração pública, todos eles têm um pedaço da administração pública. A prefeitura hoje está loteada. Nos últimos dez, 15 anos, eu fui para tudo que é bairro na cidade e eu não vi investimento. Nenhum dos bairros têm esgoto, o único que tem uma parte do esgoto feito é o Laranjal, e o esgoto vai direto para o canal São Gonçalo e não passa pela usina de tratamento. Para que gastar um dinheiro gigantesco para fazer uma usina de tratamento que não é utilizada? O que dá mais pena mesmo é ver a situação que a população mais pobre vive, a população de bairro, sem o menor cuidado para nada. Eu não consigo enxergar alguma coisa em Pelotas hoje que está boa, tudo tem problema. Enxerga isso quem vem de fora, eu venho de um lugar mais desenvolvido.
Quais são suas propostas para o desenvolvimento de Pelotas?
A gente tem que desburocratizar o município e atrair investimento para cá. Tem muitas empresas que vão embora, porque vai pegar uma licença ambiental e chega a levar um ano e meio pra montar uma indústria. Quem é que vai investir numa cidade onde tu tenta entrar e leva mais de um ano uma simples licença ambiental? O que ajuda muito o desenvolvimento da cidade primeiro é a autorregulação ambiental, o empresário contrata um técnico que vai dar um parecer ambiental e a prefeitura tem o dever de fiscalizar se esse parecer está certo ou não. Depois é trazer investimentos de fora para cá. Pelotas não tem energia barata, não tem gás encanado. Qualquer cidade onde se desenvolve a indústria tem gás encanado.
Como vê o cenário político?
Não sei se alguém acha que está bom o PSDB no governo ou que o PSDB tem feito um bom governo. O Irajá é louvável que esteja querendo fazer uma Pelotas melhor, dizem que fez um bom governo, mas tem corrida para cuidar do município? Precisamos de alguém mais voltado ao empreendedorismo, a trazer dinheiro, porque senão Pelotas vai ficar na mesmice. Essa é a minha missão aqui, eu não preciso do cargo de prefeito. Eu não preciso de salário de prefeito. Eu tenho meus negócios, sou muito bem financeiramente, graças a Deus. Se eu escolhi Pelotas para morar, trouxe minha família para cá, eu quero ajudar a melhorar essa cidade.
Como encara as críticas por ser de fora de Pelotas?
Eu digo que eu sou pelotense porque eu vim morar em Pelotas, meus filhos estão em Pelotas, tenho mais de 55 funcionários registrados em Pelotas, eu tenho duas empresas em Pelotas, agora com a construtora vou ter mais cem, 150 empregos diretos na cidade. Quem é pelotense? Quem nasceu aqui ou quem acredita na cidade, quem investe na cidade? O fato de eu ser de fora é completamente irrelevante, é até melhor, porque eu venho de outra realidade, eu venho com outras ideias, eu enxergo em Pelotas o que ninguém enxerga.
A questão ideológica vai fazer parte da sua campanha?
Eu não quero ter um governo focado em Bolsonaro. Provavelmente o Bolsonaro vai vir a Pelotas, é alguém que trabalha muito pela direita, mas nós temos que governar para Pelotas, e não para presidentes e ex-presidentes. Independente de partido, se ganhar eleição, a gente vai ter que governar para todos. Essa polarização eu entendo que não é que não deve nortear uma eleição. Ela pode ajudar um pouco, mas a eleição vai ser feita nas necessidades de Pelotas e não em cima de polarização.