“A gente faz o que pode para se adequar”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira28 de Novembro de 2024

Abre aspas

“A gente faz o que pode para se adequar”

Andressa Almeida e o filho Matias fazem visitas frequentes à Catedral São Francisco de Paula

Por

“A gente faz o que pode para se adequar”
Ida à Catedral faz parte da rotina de mãe e filho. (Foto: João Pedro Goulart)

Enquanto visitava a Catedral São Francisco de Paula, Andressa Almeida, 26 anos, junto do filho Matias, quatro, falou sobre as idas frequentes ao local. De três meses para cá, o menino, diagnosticado recentemente com autismo, é muito apegado ao templo religioso. Além disso, a Catedral fica perto da clínica onde ele faz os tratamentos, facilitando a visitação.

Como foi que tu descobriu que ele tinha autismo?

Faz uns três meses mais ou menos. A gente já investigava desde que ele tinha um ano e dez meses. E agora tivemos a confirmação. Fomos a Porto Alegre em uma neuropediatra e conseguiu o diagnóstico. E agora ele está fazendo as terapias. Foi tranquilo, ele está evoluindo. Ele foi diagnosticado nível 1 de suporte, e está fazendo as intervenções para melhorar essa parte. O nível 1 é o mais leve, porque ele se comunica, ele desfraldou, come super bem, não tem seletividade, não tem crises. É mais essa parte do movimento repetitivo e a dificuldade que ele tem de narrar as coisas que acontecem com ele.

Como funciona esse hábito que vocês têm de virem até a catedral?

A clínica onde ele tem a terapia é aqui perto. Ele se apega muito nos lugares. Um dia eu trouxe ele aqui e acabou gostando. Toda vez ele pede pra vir. Ele fica dando uma olhada lá dentro, gosta do lugar, se habituou. Já veio aqui umas quantas vezes, porque eu já o trazia antes da terapia, mas ele era muito pequeno. Ele gosta de vir e chama de “casa do papai do céu”. E ele sempre tem essa mesma reação, quer correr, participar, mas lá dentro ele entende que tem que falar baixo.

Para você, como mãe, como é essa experiência?

Sabe que foi mais tranquilo do que eu imaginava. Fico feliz de poder ajudar, dar suporte a ele. Eu estou desempregada desde fevereiro e agora a gente vai entrar com um benefício, que ele tem direito, para proporcionar as terapias e tudo que ele precisa, para a melhor qualidade de vida possível. Eu nunca ‘tapei o sol com a peneira’, sempre soube que ele era diferente. A gente faz o que pode para se adequar dentro dessa realidade. Vai atrás do benefício porque essas terapias são bem caras, fizemos orçamentos aqui na cidade em várias clínicas e seria cerca de R$ 5 mil mensais, se pagasse tudo que ele precisa. E é bem desafiador, porque aqui em Pelotas a estrutura de saúde é carente. A cidade tem só dois neuropediatras que atendem pelo SUS.

Como é que você enxerga o futuro dele?

A neuropediatra nos disse que se ele manter as terapias da forma que ela orientou, muito provavelmente os comportamentos repetitivos tendem a diminuir. A gente está lutando para conseguir manter a rotina e o ritmo que ele precisa. Ela também está investigando a superdotação, altas habilidades. Eu acho que ele tem um QI maior do que a maioria, porque ele é muito inteligente, fala inglês e entende inglês. No nível dele, do jeito que ele é, ele tende a ter uma vida normal, trabalhar, estudar, fazer de tudo.

Acompanhe
nossas
redes sociais