Pelotas tem média de mais de quatro golpes por dia
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Pelotas tem média de mais de quatro golpes por dia

Crime de estelionato é menos violento, mas pode causar consequências danosas às vítimas

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Atualizado sexta-feira,
09 de Agosto de 2024 às 14:31

Pelotas tem média de mais de quatro golpes por dia
Pelotas registrou 798 golpes até junho (Joédson Alves - Agência Brasil)

Uma propaganda no Facebook de encher os olhos e com preço atraente. Assim, uma vítima do Sítio Floresta resolveu encomendar dois kits de salgados e bolos da suposta empresa e, ao acertar a metade do valor via pix, constatou o golpe.

Este caso virou mais um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Pelotas, sendo que até junho foram 798, uma média de 4,3 crimes de estelionato por dia e com tendência de aumento levando em conta o volume de ocorrências diárias registradas.

O relatório de Fraude Scamscope, da ACI Worldwide, em parceria com a GlobalData aponta para um total de R$ 3,7 bilhões em perdas por golpes pelo pix até 2027.

No comparativo de casos no primeiro semestre de 2023, conforme os dados da Secretaria de Segurança do Estado (1.051), há uma aparente redução entre um ano e outro. Mas ainda são muitos os golpes aplicados no município, fora as subnotificações que não chegam até a polícia por vergonha da vítima de ter caído em tal fraude.

Quem busca algum ressarcimento confia no registro, como a pessoa que desejou comprar um carro pela rede social no valor de R$ 10 mil, com entrada de R$ 3 mil. O suposto veículo comercializado estava em Canguçu, o negociante pediu R$ 690 para a transferência e mais R$ 110 trazê-lo até Pelotas. Uma vez feita a transação, a vítima não teve mais contato e, então, percebeu o golpe.

Levantamento

Pelo levantamento da Fraude Scamscope, feito em 2023, foram considerados golpes do pix aqueles em que os criminosos coagem os usuários a realizarem uma ou mais transferências para uma conta de destino controlada por golpistas. Normalmente, o dinheiro da vítima passa por uma ou várias “contas-mula”, que servem para dividir e transferir os recursos, dificultando o rastreio por parte das instituições financeiras. De lá, chegam aos fraudadores ou são convertidos em ativos digitais.

Menos violento, mais danoso

O professor e pesquisador da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Aknaton Toczek Souza, diz que a sociedade está diante de um grande problema por se tratar do campo digital um espaço novo, com inovação tecnológica que é aproveitada pelo mercado ilícito.

Para o pesquisador, o primeiro passo é o boletim de ocorrência para buscar a materialidade do crime. Na sua visão, a problemática recai sobre e efetividade da resposta à vítima. Só em 2023, foram 88 mil casos de estelionato no Rio Grande do Sul e poucos são identificados e punidos, como no caso recente de influenciadores que aplicavam rifas pelas redes sociais e foram presos.

Como forma de mitigar o problema, Toczek Souza cita o investimento regional em ferramentas digitais além da cooperação de bancos e instituições financeiras. “A recuperação de valores é muito difícil e o processo judicial é longo. Então, no campo da política pública, produzir efeitos de segurança, e sobretudo promover conhecimento à população que mais sofre com os golpistas”.

 

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