Aquarela do mar criada ao ritmo das ondas sonoras
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira19 de Setembro de 2024

Artes

Aquarela do mar criada ao ritmo das ondas sonoras

Ramile Leandro pinta obra inédita em uma performance durante o show do cantor e multi-instrumentista italiano

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Aquarela do mar criada ao ritmo das ondas sonoras
Obra de Rami é inspirada pelo novo álbum do músico italiano (Foto: Divulgação)

A aquarelista rio-grandina Ramile Leandro fez uma performance artística durante o show do cantor e multi-instrumentista Fabrizio Piepoli, no sábado. O evento integrou a programação do 5º Sustaria Festival, que ocorreu em Lago, na Calábria, na Itália. Enquanto o músico interpretava canções do álbum Maresia, recentemente lançado, a gaúcha pintava uma aquarela, casando o principal tema de suas obras, o mar, com a obra de Piepoli. 

Na Itália há pouco mais de seis meses, Ramile recebeu o convite, a partir de uma rede de novos amigos que se formou desde que ela criou uma obra, durante a tragédia climática que assolou o Estado, em maio. A renda obtida com a venda de prints dessa aquarela foi revertida para as famílias atingidas pelas cheias. “A pessoa fazia o pix, de qualquer parte do mundo e eu mandava a arte em PDF. Eu fiz a campanha aqui também e amigos daqui doaram”, conta a artista que está há pouco mais de seis meses na Calábria cursando disciplinas da graduação em Arquitetura, dentro do programa de mobilidade acadêmica da Universidade Federal de Pelotas. 

Entre esses novos amigos, uma brasileira que mora na Itália e que costuma participar de produções culturais, chamou a atenção da artista sobre o show de Piepoli. Como o título do álbum vai ao encontro da sua obra, Ramile pensou em pintar com ele tocando. Colocada em contato com o artista, o músico aceitou o desafio e a organização do evento confirmou a presença da artista gaúcha. 

Mar em uma hora

Ramile confessa que sabia pouco sobre o músico, que também é produtor da Apúlia e ensina Canto e Músicas Tradicionais no Conservatório de Lecce.  “Ele também está participando da bienal de Veneza, maior evento de arte que tem aqui. Ele entrou com a música e performance com uma artista da palestina”, conta Ramile. 

A aquarelista conta que ficou um pouco nervosa no início. “Eu tinha uma hora para pintar o mar, que geralmente eu pinto em três dias, porque vou deixando secar as camadas”, diz. Mas embalada pela música de Piepoli, que ela caracteriza como impressionante, a rio-grandina se deixou levar pelas ondas sonoras e fez o seu trabalho. “O mar ficou lindo, cheio de vida, foi um dos mares mais emocionantes que eu pintei”, comenta.

Na Europa, Rami tem deixado a sua marca autoral de diferentes formas. Em abril ela participou de uma exposição no Museo dei Brettie Degli Enotri, na cidade de Cosenza, também na Calábria. “É muito difícil para um artista entrar em um museu, por isso eu fiquei tão feliz quando eu consegui entrar no museu da Calábria. No Brasil ainda se tem a ideia de que para entrar em um museu tem que ser um artista muito consagrado. Mas o museu tem que ter espaço também para os jovens artistas, para ter diálogo com o que já existe”, fala. A artista também tem deixado manifestos artísticos como assinatura, nos livros de visitantes, dos museus que ela visita. “Estou me movendo para dar visibilidade ao meu trabalho e quando eu faço isso abro espaço para outros e levo junto a minha cidade.”

 

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