A pesquisa anual sobre o Índice de Potencial de Consumo (IPC) revelou que, em Pelotas, os consumidores deverão movimentar mais de R$ 13,7 bilhões neste ano, o que coloca o município em quarto lugar no ranking do Estado.
O número representa um acréscimo de 7% em relação a 2023 na movimentação de aquisição de bens. Sobre os hábitos de consumo, habitação, veículo próprio, material de construção e alimentação são os que lideram os gastos.
O relatório também aponta um crescimento de 11% no número de empresas instaladas no município, o maior aumento no segmento de serviços. De acordo com o IPC, atualmente há mais de 45,9 mil empreendimentos em Pelotas, com destaque para serviços (26,6 mil), comércio (10,8 mil) e indústrias (8,2 mil). O consumo per capita urbano deverá ter um incremento de 13% em comparação com o ano passado, já o rural crescerá 16%.
O estudo considera o percentual de consumo por classes sociais. Em Pelotas, a classe A representa 1,9% da população, a B 21,7%, C 47,1% e D/E 29,3%. Com exceção desta última, habitação e veículo próprio lideram entre os gastos dos moradores, o que representa 23% (mais de R$ 3 bilhões) e 11% (mais de R$ 1,5 bilhão) respectivamente do total de potencial de consumo.
“O movimento do mercado imobiliário tem se mantido sempre em uma constante, sempre tem demanda porque o nosso déficit habitacional é muito difícil de ser alcançado”, explica o presidente do Secovi Zona Sul, Sérgio Cogoy.
De acordo com o representante do sindicato, além da compra de imóveis, o que movimenta os gastos com habitação no município são os aluguéis, principalmente devido ao grande número de moradores transitórios que vêm para Pelotas em razão das universidades.
Consumo propicia aumento de empresas
Responsável pelo relatório do Índice de Potencial de Consumo, Marcos Pazzini, destaca que o aumento no poder de gastos dos pelotenses é refletido principalmente na abertura de novos empreendimentos.
“Como a gente fala de consumo, que depende da renda das pessoas, que depende de empregos e consequentemente de empresas. Se você comparar 2023 com 2024, dá para ver que o crescimento de empresas foi de quase cinco mil novas unidades abertas”.
O percentual de novas empresas no município superou o crescimento estadual (9,2%) e nacional (8,1%). “O cenário deve fazer com que nos próximos anos o consumo continue em destaque em Pelotas”, avalia Pazzini. Neste ano, Pelotas subiu uma posição no ranking nacional de consumo, ocupando o 76º lugar. “De cada R$ 100 que vai ser gasto em 2024 pelos brasileiros, R$ 0,19 é responsabilidade do município”, diz.
Fatores do crescimento de consumo
O economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Eduardo Tillmann, avalia que o aumento do poder aquisitivo dos pelotenses é um reflexo do ambiente econômico entre 2023 e este ano, com uma taxa de juros menor e inflação reduzida. “Esses dois fatores auxiliam para que os consumidores tenham mais renda disponível e consigam assim aumentar o consumo”. De acordo com Tillmann, o crescimento do consumo propicia uma espiral positiva na economia. “O número de empresas crescendo, principalmente em serviços é excelente, haja visto que os fatores de produção do nosso PIB são justamente serviços e comércio”, destaca.
O setor que movimenta Pelotas
Responsável por mais de 45% das empresas, o setor de serviços apresenta um aumento de potencial de consumo de 14% em relação ao ano passado. Dentre os mais de 26 mil empreendimentos que puxam a economia do município, estão locais como a cafeteria da Etienne de Oliveira, 30 anos, que em razão do movimento, teve o espaço expandido de 30 para 75 lugares após dois anos em funcionamento.