Pallets viram móveis para famílias afetadas pelas cheias
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira30 de Outubro de 2024

Mobiliário emergencial

Pallets viram móveis para famílias afetadas pelas cheias

Projeto de extensão conta com a participação de professores e alunos dos cursos de edificações, design de interiores e mecânica

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Atualizado sábado,
27 de Julho de 2024 às 19:15

Pallets viram móveis para famílias afetadas pelas cheias
Moradoras afetadas pelas cheias participam das oficinas. (Foto: Jô Folha)

Desde o início de junho, famílias atingidas pelas enchentes em Pelotas estão sendo instruídas na confecção autônoma de um mobiliário emergencial, com uso da madeira de pallets, para começar a reconstruir suas moradias, em maioria no Pontal da Barra e Laranjal.

A iniciativa partiu de professores e estudantes do curso de edificações do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), com base em um programa de extensão, o Escritório Modelo do Curso de Edificações. Também participam alunos dos cursos de design de interiores e mecânica. Até o momento, foram realizadas duas oficinas de capacitação para construção de balcão de pia e módulo de estante/roupeiro.

A professora do curso e coordenadora do projeto, Juliana de Oliveira Plá, conta que a ideia do projeto surgiu assim que se percebeu a responsabilidade do IFSul como instituição de ensino quanto à difusão e direcionamento do conhecimento, possibilitando que ele chegue até as pessoas, chefes de família – em sua maioria, mulheres –, que foram severamente afetadas pelas cheias, com a intenção de que essa sabedoria seja aproveitada no andamento da reconstrução pós-tragédia. “Nada mais justo que a gente capacitar as pessoas. A gente ajuda e depois elas replicam esse conhecimento na comunidade”, diz a docente.

Chamamento às famílias

Inicialmente, o projeto entrou em contato com o até então ativo abrigo da escola Edmar Fetter, para falar com as lideranças comunitárias e saber quais pessoas tinham o interesse de participar da ação. A partir daí, foram encaminhadas mulheres, chefes de família, que estavam no abrigo. Novas mulheres são convidadas a cada atividade. “Nosso intuito também é empoderar as mulheres”, acrescentou.

Autonomia e gratidão

Na oficina de construção de módulo de estante/roupeiro, realizada na sexta-feira (26), no espaço do Laranjal Praia Clube, Rosa Helena da Silva, 58 anos, participou da segunda oficina desde o início do projeto. Moradora do balneário Valverde, ela teve a casa afetada pela enchente, e relata que tem vivido um dia de cada vez depois que retornou para a moradia, já que o trabalho de reconstrução é longo.

Nesse contexto, viu no programa uma oportunidade de avançar nessa retomada. “Eu estou com um balcão de pia, outro balcão que eu estou usando pra guardar roupa, e agora a gente está fazendo mais um. E é das minhas mãos mesmo, para aproveitar dentro de casa. Fica forte, não tem como estragar. E fica bonito”, diz a mulher.

A moradora do Pontal da Barra, Yasmin da Silva, 29 anos, revela que conheceu a iniciativa quando ainda estava no abrigo. Para ela, o sentimento é de gratidão pela ajuda não só material, mas psicológica, que a ação dos cursos do IFSul propiciou.

“Eu já fazia [a oficina] quando estava no abrigo. E foi muito bom para ocupar a cabeça no meio do turbilhão de coisas que a gente vivia. Agora, melhor ainda, porque cada um de nós está se refazendo”, expressa. “É reconstrução de novo, de lares, de vidas. A gente sempre se reconstrói depois de uma queda. E agora não seria diferente”.

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