“Na colônia, até as crianças aprendem o pomerano”

Abre aspas

“Na colônia, até as crianças aprendem o pomerano”

A agricultora Miriam Jeske Bubolz, 56, de São Lourenço do Sul, ainda fala o pomerano, idioma germânico difundido na Zona Sul pela colonização; a língua ainda é ensinada em algumas escolas da zona rural, mas tradição perde-se pouco a pouco

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Atualizado quinta-feira,
25 de Julho de 2024 às 10:12

“Na colônia, até as crianças aprendem o pomerano”
Miriam Jeske Bubolz tenta preservar a tradição alemã. (Foto: Jô Folha)

Como tu aprendeu o pomerano?

Eu sou de origem alemã, Jeske. Mas sou casada com um pomerano. Por isso eu aprendi, pois minha sogra e meu sogro falavam só o pomerano em casa.

Como foi aprender o dialeto? Quanto tempo levou?

Foi difícil. Teve um período de dois anos de namoro. Aí comecei a tentar aprender, até porque eles (sogros) não falavam o português. Aí fomos fazendo essa troca. Em três anos eu aprendi o pomerano e eles aprenderam o português.

Entre a família, ainda utilizam o pomerano?

Não. Meus sogros já são falecidos. Então a gente faz assim: quando eu quero falar algo para os outros não entenderem, falo em pomerano com meu marido. Do contrário, não. Até porque meus filhos já não falam mais. Eles entendem, mas não falam, porque já foram para escola, onde prevalece o português.

A fala da língua de origem foi se perdendo com o tempo?

Eu acho que é bem ruim a fala se perder com o tempo. No interior da colônia, as crianças aprendem em casa, e depois quando vão para a escola, aprendem o português. Na família, por exemplo, só eu sou casada com pomerano, então entre os primos também não haveria diálogo. Mas eles entendem e até arranham algumas palavras, principalmente nome feio (risos).

A senhora acha interessante que essa cultura permaneça viva?

Sim. Até em São Lourenço do Sul nós temos o roteiro Caminho Pomerano (leia mais nas páginas 6 e 7), que pelo menos mantém os costumes, mesmo que não se fale, mas as pessoas mantêm e preservam a cultura dos antepassados.

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