O depois também importa
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Terça-Feira10 de Dezembro de 2024

Editorial

O depois também importa

O depois também importa
Moradores da Z-3 ainda aguardam pelo benefício. (Foto: Jô Folha)

Quando uma tragédia acontece, o raro alento é ver que a solidariedade nunca falha. Nas cheias que atingiram o Rio Grande do Sul não foi diferente, e rapidamente foram milhares de ações coletivas e individuais voltadas a ajudar o próximo. Por parte dos governantes não foi diferente e as promessas foram muitas. No entanto, o que é visto agora, na prática, é a burocracia regendo a situação e, mais uma vez, gente sofrendo por conta do excesso disso.

A capa de ontem do A Hora do Sul traz um questionamento que não deveria existir. Afinal, cadê o auxílio reconstrução? São milhares de famílias que têm dificuldades para a retomada mais de dois meses após as cheias e, até agora, não viram um centavo do prometido pelo governo federal. Por mais que necessite haver zelo com qualquer gasto de verba pública, há que se levar contexto a situação.

Áreas de famílias humildes, que já vêm sofrendo há mais tempo com intempéries climáticas e pobreza, deveriam ser prioridade. A digitalização total dos processos, além de tudo, reforça uma espécie de exclusão. Hoje em dia praticamente todo mundo tem um celular com internet na mão, mas e quem não tem? E quem não tem o conhecimento para fazer processos burocráticos sem o auxílio? Para consultar o andamento?

Não dá para imaginar que há má vontade em ajudar, obviamente não é esse o caso. Mas chega um momento em que é preciso facilitar processos, acelerar análises e oferecer soluções imediatas para problemas gritantes. Na edição de segunda-feira, o próprio A Hora do Sul trouxe falas de moradores do Laranjal contando que o valor do auxílio é ínfimo diante das perdas de um domicílio e todos os itens que levaram uma vida inteira para serem construídos. Mas, ainda assim, é algo.

O depois também importa. Essas famílias precisam de auxílio constante para retomar suas vidas e que soluções sejam pensadas para que este problema não volte a se repetir, uma outra questão que já parece ter caído no esquecimento. Até aqui, nada, ou quase nada, foi feito para prevenir novas cheias e o retorno da situação que vimos em maio. E, é preciso lembrar, não é só aqui a questão. Estamos a uma chuva forte em qualquer lugar que seja afluente do Guaíba para a Lagoa subir de novo.

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