Na edição de ontem do A Hora do Sul, duas pautas falavam direta ou indiretamente dos efeitos das enchentes. O pedido de socorro dos moradores do Laranjal, válido e necessário para o bairro que mais sofreu, junto a regiões próximas dali, é o retrato de um trauma que ficará. Além disso, a preocupação com descarte irregular de lixo é outro problema que deverá ser uma questão de temor coletivo.
O desenvolvimento da Zona Sul daqui para frente terá sempre o maio de 2024 como métrica na hora da tomada de decisão. Não pode haver projeto estrutural ou demanda governamental que não contemple necessariamente a possibilidade de novas cheias ou os efeitos já sentidos. Enquanto isso, muita gente ainda precisa de apoio para começar a superar as dificuldades ainda enfrentadas.
Nessas duas reportagens citadas, duas conclusões são óbvias: poder público e sociedade precisam entrar em uma sintonia voltada à superação. Há que se cobrar respostas, como no caso do Laranjal, para questões que já deveriam ter sido solucionadas. A reestruturação básica do bairro é urgente e não pode ser sempre pensada considerando o veraneio. É, há muito tempo, uma região em que as pessoas vivem o ano inteiro e precisam de serviços e zeladoria.
Por outro lado, porém, há que se pensar na responsabilidade da população frente a outros pontos, como no caso dos descartes de lixos descritos pelo repórter João Pedro Goulart. Não há como tolerar tamanho desrespeito e falta de noção de quem faz isso. Os canais são vitais para o escoamento das águas e do esgoto. Quando trancados, naturalmente enchem, estouram e causam alagamentos. Se quem descarta naturalmente o faz perto de casa, será que não compreende que isso o afetará diretamente com alagamentos ali na frente? Vai entender…
É preciso pensar no todo. Em uma reconstrução que consiga conciliar pessoas, empresas e natureza, com o fluxo necessário para uma cidade que não para de crescer e medidas de segurança para que seja viável vivê-la a pleno. Por mais que a geografia por vezes seja a causadora de situações, em tantas outras é a falta de ideias em sintonia. Daqui para frente, há que se estar em sintonia ou pouco teremos aprendido com o maio de 2024.