As flores rosadas que já colorem os pomares de pessegueiros desde o final de junho, além da beleza de uma paisagem natural, também trazem consigo a expectativa de uma safra mais produtiva da fruta na Zona Sul.
Embora ainda cautelosos com projeções, após dois anos consecutivos de quebras expressivas, os produtores esperam ao menos chegar a patamares de produção considerados normais para o período de colheita. Em 2024, as perdas chegaram a 41% do plantio do pêssego devido às condições climáticas.
Somente em Pelotas, são 605 produtores familiares trabalhando com o cultivo. Somado à produção de Morro Redondo, Canguçu e Jaguarão, a região é responsável por 90% do pêssego cultivado para a indústria do país.
No entanto, com as quebras consecutivas de safra e a diminuição de disponibilidade, a fruta é importada, o que, com os preços mais competitivos dos países vizinhos, prejudica os produtores locais. “Se esse mercado se abrir muito, daqui a pouco pode ser a extinção da cultura de pêssego daqui”, pondera o produtor Adriano Bosembecker.
Safra mais farta
Apesar das preocupações, neste ano, o cenário é de mais otimismo. Os dias mais frios têm favorecido o desenvolvimento dos pomares e a floração intensa dos galhos tem dado os primeiros sinais de uma produção mais robusta da fruta.
“Flor não é pêssego, a gente sempre fala isso, mas é um indício, porque a primeira etapa [de uma boa colheita] é uma floração completa, então até agora os indícios são de uma safra melhor do que as anteriores”, explica Bosembecker.
Nos 30 hectares de pomar, o produtor tem diversos cultivares: Citrino, Esmeralda, Jade, Maciel, entre outros, para poder ter uma colheita mais prolongada e com maiores chances de produtividade. Todas as culturas são destinadas exclusivamente à indústria de compotas.
No ano passado, a colheita de Adriano teve uma quebra de 30%. Neste ano, ele espera alcançar a capacidade total de produção, de 300 a 400 toneladas da fruta. “Em 2024 colhemos só 260 toneladas”, lamenta.
Mesmo com boas perspectivas, há sempre o temor de que as condições climáticas mais uma vez surpreendam, prejudicando o trabalho árduo de meses e gerando perdas financeiras. “A [safra] de 2022, foi de 40% de uma safra considerada normal e a de 2023 ainda foi 30% abaixo do que a de 22. Isso acaba gerando incertezas”.