A Bacia de Pelotas é uma das 11 bacias sedimentares incluídas na nova Oferta Permanente de Concessão (OPC), cujo edital foi publicado nesta quinta-feira (19) pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Mais 34 áreas devem ser disponibilizadas para a exploração de combustíveis. Na última oferta da autarquia, todas as 44 áreas da bacia anunciadas foram adquiridas.
Conforme informações da ANP, a escolha dos blocos e das bacias para o leilão é fruto da atratividade do local. No caso da Bacia de Pelotas, se destacam as recentes e relevantes descobertas de hidrocarbonetos offshore do Sul da África, na Bacia Orange, na costa da Namíbia. A expectativa seria encontrar algo similar na porção brasileira.
Em nota, a agência reafirma que observa as possibilidades de descobertas de hidrocarbonetos na bacia. O potencial também é baseado em recentes aquisições de levantamento sísmico 3D inédito na região, e os resultados obtidos no 4º ciclo da Oferta Permanente de Concessão corroboram a perspectiva de atratividade na bacia sedimentar.
Professor especialista em Geologia do Petróleo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Giovani Cioccari, detalha que os dados adquiridos por sísmica, associados à modelagem de sistemas petrolíferos, mostram áreas com boa propensão na bacia. “Contudo, estudos apenas mostram o potencial, para comprovar um play exploratório necessariamente tem-se que perfurar poços e posteriormente cubar o volume e tamanho, que pode se transformar em uma reserva de petróleo”, detalha.
Reservas na Namíbia fortalecem potencial da Bacia de Pelotas
A recente descoberta de grandes reservas de petróleo na costa da África chama atenção para o potencial da existência de jazidas na Bacia de Pelotas. Isso devido à semelhança na formação geológica do litoral brasileiro com o de parte do continente africano que remonta à época do supercontinente Gondwana. Em apenas um dos poços da Bacia de Orange, na Namíbia, foi encontrada uma reserva equivalente a 1,7 bilhão de barris de óleo.
“A existência na Namíbia de hidrocarbonetos traz uma expectativa boa. Até cinco ou dez anos atrás não se acreditava que a Bacia de Pelotas teria reserva de hidrocarbonetos, isso mudou em decorrência das descobertas na Namíbia”, diz o professor.
O geólogo considera ainda que o potencial da bacia é muito incipiente e que a área pode ser fonte de jazidas ainda maiores que as africanas ou não ter nenhuma disponibilidade petrolífera. “O que irá nos mostrar serão as perfurações durante a fase de avaliação da bacia. Por outro lado, podemos descobrir outros sistemas petrolíferos na Bacia de Pelotas, diferentes dos sistemas petrolíferos das bacias de Walvis, Lüderitz e Orange”, explica.
A Bacia
A Bacia de Pelotas foi leiloada pela ANP em dezembro de 2023 e teve 44 blocos arrematados. Vinte e nove deles por dois consórcios – Petrobras/Shell/CNOOC e Petrobras/Shell e 15 pela Chevron. A região da Bacia é mapeada desde o alto de Florianópolis (SC) até a divisa com o Uruguai