Como nasceu a sua ligação com a música?
Eu tenho mais ou menos 53 anos de músico executante. E quando entrei para os conjuntos vocais, 40 anos atrás, já estava envolvido. Participei das bandas marciais de colégios também. Aprendi na insistência. Sou filho de operários. A mãe trabalhava, o pai trabalhava, eu morava com a avó. Eles deixavam os instrumentos e à tarde eu estava em casa, roubava e seguia tocando.
Quais instrumentos você sabe tocar?
Atualmente eu estou tocando teclado. Mas eu comecei com cavaquinho, violão, guitarra, contrabaixo. Toquei clarinete, saxofone, alto e sax barítono. Toquei lira na banda do colégio Gonzaga e trabalhei como músico antes, em diversos conjuntos aqui em Pelotas. Eu estava sempre envolvido em música, com os músicos bons, os melhores que tinha, que foi onde deslanchou. Foi na prática, eles não me davam algo, eles me passavam aquilo que sabiam. Entrei para a Brigada Militar e consegui entrar pra banda, e me aperfeiçoei bastante. Por 20 anos, estive na Brigada.
Quando você decidiu estudar e como foi esse período?
Quando eu me aposentei da Brigada, decidi: não vou me aposentar, vou estudar. Eu já tinha conhecimento, saí mestre da banda da Brigada. Mas fui estudar, e até hoje agradeço por ter estudado. Fiquei 13 anos na faculdade, porque tive uns imprevistos. Em 2011, ingressei na UFPel. Em 2012, sofri um acidente de moto e interrompi o semestre, tranquei um ano inteiro. Voltei e, em 2014, quando estava bem, tive um AVC. Assisti só um semestre e parei de novo. Passou o primeiro semestre, encaixei de novo e recomecei. Digo que a música me ensinou muito. Os doutores, na época, disseram pra mim, que não tinha sequela nenhuma. Disseram que eu perdi um pouco da capacidade, mas por ter batalhado consegui reviver. Em 2020, eu tive que enfrentar uma banca de professores, porque tinha me jubilado, já estava passando dos dez anos que eu estava na faculdade. Me defendi perante eles e segui em frente para terminar o curso. Quando consegui tocar adiante, veio a pandemia e foi online. Eu aproveitei para correr e terminar as matérias que faltavam. Agradeço muito a minha enteada que me ensinou o conhecimento de internet.
O que significa para você chegar até a formatura?
Quando eu entrei para a universidade, o objetivo era me formar em licenciatura de música. Foi o sacrifício que foi, com persistência consegui alcançar o meu objetivo. Não dei bola para a idade, idade não é um obstáculo para estudar. Ninguém pode dizer que é idoso ou tem idade para estudar. A música não tem fim. Fiz licenciatura em música, mas já estou pensando em fazer uma pós-graduação. Música para mim é tudo, eu sempre gostei de música. Os mais antigos dizem que música é uma arte, por onde é possível comunicar os sentimentos através dos sons.