“Todo e qualquer tipo de violência desemboca na escola”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira26 de Dezembro de 2024

Abre aspas

“Todo e qualquer tipo de violência desemboca na escola”

Sedeni Moraes é responsável pelo projeto “Tod@s por Uma”

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“Todo e qualquer tipo de violência desemboca na escola”
Coletivo promove prevenção da violência de gênero. (Foto: Divulgação)

Sedeni Moraes é responsável pelo projeto “Tod@s por Uma”, que promove a prevenção da violência contra meninas e mulheres. A iniciativa envolve cerca de 700 alunos do ensino médio do Colégio Estadual Cassiano do Nascimento e aborda o tema ao longo de todo o ano letivo, diretamente em sala de aula. O objetivo principal é identificar, em meio ao cotidiano escolar e desenvolvimento dos conteúdos, as diferentes formas de violência doméstica que afetam mulheres e meninas. Além disso, o projeto busca fortalecer possíveis vítimas, incentivando-as a buscar ajuda.

Como surgiu o projeto Todas por Uma e quais foram os principais desafios que você encontrou?

O projeto Tod@s por Uma surgiu de uma vida pautada nos direitos humanos, na não aceitação de nenhum tipo de preconceito e na luta em oposição à violência contra mulheres e meninas. O principal desafio que encontrei foi a compreensão, a aceitação e o reconhecimento que todo e qualquer tipo de violência desemboca, de alguma maneira, na escola. E é nossa responsabilidade orientar e mostrar os claros pedidos de socorro.

Quais tipos de violência contra mulheres e meninas os alunos mais identificam nas atividades?

A violência mais identificada é a violência doméstica, especialmente a física. Esse tipo de agressão é frequentemente retratado de forma clara em desenhos, contos e redações. Posso afirmar que, entre os alunos que já passaram por mim, cerca de 80% conhecem ou já vivenciaram algum tipo de violência doméstica.

Como o tema da violência doméstica é trabalhado com os estudantes?

Dentro dos conteúdos propostos para a disciplina que estou lecionando, faço adaptação com textos que ressaltam o tema da violência contra a mulher. Por exemplo, na língua portuguesa, com redação, leitura e interpretação. Discutimos palavras usadas erroneamente e letras de músicas abusivas. Faço muitas rodas de conversa, onde estudamos casos de violência. Para cada caso, temos uma lei, uma explicação correta, um lugar de desabafo e de orientação. Os cartazes e as buscas na internet também atiçam a curiosidade de entender verdades.

Como isso é organizado durante o ano?

O projeto tem quatro pontos altos, envolvendo toda a escola: no Dia Internacional da Mulher; no Julho das Pretas; no Agosto Lilás, no dia de aniversário da lei Maria da Penha; e encerra com 21 dias de ativismo contra a violência a mulheres (entre os dias 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos), com o fechamento das atividades na escola.

Você já viu mudanças no comportamento dos alunos desde que o projeto começou?

Vi muitas mudanças acontecerem. As meninas passarem a saber que as relações devem ser pautadas no respeito, por exemplo. É lindo ver o empoderamento delas. Entre os meninos, o simples reconhecimento do “não é não” já me enche de esperança.

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