Amizade e muitas boas lembranças motivaram o quinto encontro de ex-funcionários das empresas Servidata e da sua sucessora, a Datasys, que atuaram em Pelotas a partir da década de 1970 até os anos de 1990. A Servidata, pioneira no processamento de dados na região, chegou a ter mais de 90 empregados, em cargos como digitadores e programadores.
A iniciativa foi do empresário Alvino Antonini, que trabalhava na prefeitura de Porto Alegre nesta área de tecnologia. Logo ele abriu a própria empresa a Planejamento e Assistência aos Municípios. Por volta do início dos anos 1970, começaram a surgir os grandes computadores de processamentos de dados, foi quando Antonini criou a Servidata, prestadora de serviço para diferentes municípios.
Entre as prefeituras que compravam os serviços da empresa da capital estava a de Pelotas. “A Servidata fazia os IPTUS de Pelotas e outras prefeituras. Eu entrei para cuidar da parte técnica, de programação e de todo o desenvolvimento”, conta Armando Ketzer, que entrou para a empresa com 20 anos, em 1971. “Eu era muito jovem, foi meu primeiro emprego”, fala, que estava entre os mais de 40 ex-funcionários, que se reuniram nesta sexta-feira (15).
Respeito e estímulo
Mais adiante Armando se tornou sócio da empresa, mas saiu do empreendimento na década de 1980, quando se mudou para São Paulo, onde reside até hoje. “Aconteceu uma coisa muito estranha na Servidata, a maioria estava na faixa de 20 e poucos anos e 95% estavam no primeiro emprego”, relembra Ketzer.
Para o empresário, essas afinidades, somadas à administração alicerçada no respeito e no estímulo aos funcionários, adotada por Antonini, formaram um grupo coeso que criou fortes laços de amizade. “A amizade formada lá nos faz estar aqui juntos hoje”, fala.
Muitos dos quase 100 funcionários encontraram seus pares por lá, casaram e formaram família, como é o caso do casal Nara Martins, 68, e Herbert Haiter, ela, digitadora e ele, operador dos computadores. “Teve muita gente que casou lá dentro, a Servidata era quase uma agência de matrimônio”, brinca Haiter.
Seleção e treinamento
Antonini viu em Pelotas, uma oportunidade de expandir seus negócios e resolveu montar uma filial da Servidata no município. Formalmente o braço da empresa na Princesa do Sul foi estabelecido em 1974. Fizeram um convênio de quatro anos com a Universidade Católica de Pelotas e montaram um centro de processamento de dados nas instalações da UCPel. “A gente se instalou e cedia parte do tempo de processamento para fazer trabalhos para a UCPel, inclusive os vestibulares. Começamos a fazer os processamentos da Católica até 1979″, conta Ketzer.
Quando chegaram no município ninguém fazia esse serviço, por isso não existia uma mão de obra especializada. Os funcionários contratados passavam por treinamentos com a IBM. “Fizemos cursos de programação, fizemos a seleção de pessoal, testes de aptidão e começamos a treinar esse pessoal todo. Formamos um grupo de programadores e depois digitadores, todos pelotenses”, conta.
A ideia de criar uma cultura de processamento de dados em Pelotas, o que acha que foi bem-sucedida, porque quando as empresas começaram a comprar computadores passaram a disputar esses profissionais formados pela Servidata.
No início da década de 1980 a Servidata foi fundida com a Datasys de Caxias do Sul e Antonini vendeu a sua parte e se afastou do ramo empresarial. A empresa ainda ocupou um prédio na rua General Netto esquina Bento Martins. Com a chegada dos microcomputadores os mainframes foram sendo extintos e a Datasys mudou de ramo e se retirou de Pelotas.