Além dos partidos políticos, as eleições podem representar uma oportunidade de renda extra, emprego mesmo que temporário ou benefícios, como o famoso pé-de-meia para quem espera se firmar no mercado de trabalho caso o candidato que apoia seja eleito.
Na lista de quem lucra durante o período eleitoral estão as empresas de publicidade, a mídia, consultores políticos, fornecedores de tecnologia e gráficas que resistem à era digital. Os próprios candidatos, que recebem aporte financeiro dos partidos, investem em pessoal para atuar na campanha. Cenário que movimenta a economia da cidade.
Para o economista e professor da Universidade Federal de Pelotas, Marcelo de Oliveira Passos, o pleito movimenta não só a economia das empresas de mídia, mas a de empregos provisórios para pessoas que trabalham na disseminação dos tradicionais santinhos e bandeiras. “Muitos assessores são empregados por candidatos para auxiliar na campanha e até estudantes trabalham provisoriamente para candidatos a vereadores.”
A estudante de Nutrição da UFPel, Luana Massaú, 22, estuda em turno integral e por isso não consegue trabalho de carteira assinada. Nas eleições viu uma oportunidade de ajudar a mãe a pagar as contas da casa e a quitar os óculos. “Eu consegui intercalar os horários para fazer uma renda extra divulgando o trabalho da minha candidata aqui no calçadão”, comentou.
Na outra ponta do perfil de empregos temporários, está a desempregada Sandra Regina Del Pino da Silva, 61. Ela conta que não tem renda e os R$ 1,5 mil que recebe para trabalhar na campanha de outro candidato está ajudando na alimentação do lar. “A minha esperança é conseguir um emprego fixo depois. Mas mesmo que isso não ocorra, sempre fui bem assistida e, se não precisasse de dinheiro, trabalharia de forma voluntária”.
Nesse ponto, Passos lembra que essa movimentação da economia é sazonal e com o término da campanha e das eleições esse ciclo de investimentos cessa e normalmente a economia se retrai um pouco, pois os efeitos se dissipam. “Há ainda os próprios investimentos de prefeitos que tentam a reeleição, que não é o caso de Pelotas, mas em outras cidades onde se gera empregos temporários nas repartições aumentando a despesa pública.”
Comércio e serviço
Por haver muitos candidatos ao legislativo em Pelotas, Marcelo Passos aponta outro mercado que esquenta bastante nesse período que são as gráficas e empresas que produzem material para brindes. “São publicidades através de canecas, chaveiros e canetas que movimentam o comércio e as fábricas e são oferecidos como brindes.”
Em uma gráfica no Centro de Pelotas, o movimento é grande. O gerente, que preferiu não informar o nome, conta que não só a demanda, mas o faturamento aumentou de 30% a 50% com a produção de adesivos, lapela, bandeiras, santinhos e adesivos para carro. Perguntado se chega a ser um Natal para empresa, a resposta é que são momentos que agradam bastante o comércio que há cinco anos está em atividade no município.