Sétimo convidado da série, a Associação Rural de Pelotas enviou ao A Hora do Sul as dificuldades e expectativas do agronegócio local sobre o cenário político dos próximos quatro anos no município. A série de entrevistas propostas pelo jornal tem como objetivo apontar alguns caminhos rumo ao desenvolvimento.
Dificuldades
Representando a categoria, o presidente da ARP, Augusto Rassier, destaca que para o agronegócio os últimos três anos foram difíceis, com produtores tendo queda no faturamento em função das mudanças climáticas. “O principal desafio para o produtor rural atualmente é equilibrar seu fluxo de caixa”, diz.
Acesso ao crédito, pontua, é uma das principais dificuldades enfrentadas. “O produtor de soja, principalmente, está descapitalizado. Precisa ter uma política pública que ajude a ajustar o fluxo de pagamento dos financiamentos. Para pagar suas dívidas, o produtor precisa produzir e para produzir, ele precisa de crédito”, diz.
Rassier destaca que é importante a sociedade entender o impacto financeiro que a crise no campo causa na cidade. “São vários prestadores de serviços, revendas de insumos, indústrias de máquinas e fertilizantes que precisam de um setor primário organizado financeiramente. Todos esses setores dependentes do agro são grandes geradores de empregos e impostos”, explica.
Contribuições
Dentre as contribuições que a próxima gestão municipal pode prestar está a qualificação das estradas do interior do município, visto que o escoamento da produção é uma etapa sensível do processo produtivo. “Hoje o pequeno produtor é o mais atingido com a precariedade das estradas no interior. Importante ressaltar que nos últimos 12 meses passamos por duas importantes enchentes que deterioraram muito as estradas e pontes”, explica. O preço dos pedágios atuais também é incremento de custos de produção e, por consequência, nos preços dos produtos, avalia Rassier.
Expectativas
Atratividade para investimentos privados, rapidez na tomada de decisões e menos burocracia podem aumentar o potencial da cidade para o turismo. “Pelotas tem origem, cultura, indústria e suas tradições enraizadas no agro. Gramado, Canela e região estão recebendo investimentos bilionários em turismo. Será que não conseguimos ser atrativos o suficiente para trazer um pouquinho para cá?”, questiona. Para o presidente da ARP, profissionalização, escolhas de pessoas por competência para desenvolver projetos seja o caminho mais adequado.