Doze anos depois do início da duplicação da BR-116, 33% ainda não foi entregue à população. São 49 dos 211,22 quilômetros, com parte deles entre Camaquã e Pelotas, região que luta pelo desenvolvimento e tem na rodovia uma das portas de entrada para investimentos. No km 509, em Pelotas, uma placa sinaliza obras remanescentes com finalização para agosto de 2026 onde nem canteiro de obras existe. É quase uma década e meia de espera. Conforme o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte (Dnit), este ano serão entregues mais 20 quilômetros.
Os quase dois quilômetros entre o posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o pedágio do Retiro devem ser concluídos daqui dois anos. O trecho exige muita atenção pelo fluxo de caminhões no acesso à faixa única. Nas duas margens da faixa, não há nem sinais de que ali deverá ter uma rodovia, cujo fluxo diário é em média 3,8 mil caminhões de carga e mais de 2,2 mil veículos de passeio. Ainda no mesmo trecho, outra sinalização aponta para obras nos próximos 40, que inclui o viaduto de São Lourenço do Sul, previsto para ser entregue só em 2025.
Entidades de classe cobram celeridade
O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande (Sinduscon), Marco Antônio Tuszynski, diz que o pleito é fundamental para Rio Grande e para o porto. “Entendemos que as obras no trecho que falta concluir terão um custo pequeno em relação aos benefícios que trará. É inadmissível que ainda não se tenha uma definição sobre a conclusão da obra, depois de termos mais de 70% dela realizada”.
Já a Aliança Pelotas expõe preocupação com a saída do Exército da obra. “Na última reunião em que a ACP (Associação Comercial de Pelotas ) e Aliança Pelotas participaram sobre a BR-116, nos causou preocupação a saída do Exército na conclusão da ponte sobre o Guaíba, isso quer dizer que o Dnit precisará fazer nova licitação, postergando ainda mais a conclusão da obra”, diz o presidente Jorge Almeida. Ele promete manter a mobilização. “A rodovia se tornou ainda mais importante a partir da enchente, sendo o único meio de acesso para o abastecimento da região metropolitana”.
Mobilização política
Os 163,6 quilômetros prontos agilizam quem precisa utilizar a principal via de acesso ao Sul do Estado e ao Porto do Rio Grande. Além das classes empresariais, o deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB) lamenta a demora. “Doze anos de início da obra e dez anos da promessa de entrega. O projeto fundamental para a Metade Sul gaúcha continua sendo postergado. Vamos manter a pressão em Brasília. A cada atraso, vidas seguem em perigo na estrada e os municípios pagam o preço do baixo desenvolvimento”.
O deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT) disse que a partir de 2023 o volume de investimentos na BR-116 foi ampliado e hoje todos os trechos estão em obras, com exceção do que estava sendo coordenado pelo Exército, por causa da enchente. “Agora, a expectativa é de que em 2025 essas obras da BR-116 sejam concluídas. No início do próximo ano, teremos a duplicação da ponte sobre o Rio Camaquã.”
O que falta?
O Dnit informou por nota que o investimento total previsto nas obras duplicação BR-116 entre Guaíba e Pelotas é de aproximadamente R$ 2 bilhões. O investimento total já realizado até julho deste ano foi de R$ 1,43 bilhão (69,5%) e o valor a investir nas obras é R$ 629 milhões. O Departamento tem a expectativa de entregar mais 20 quilômetros duplicados ainda este ano. Até o momento já foram concluídos e liberados ao tráfego 163,6 quilômetros (77,4%)