“Estudar a nossa história para adquirir consciência do que fomos e transformar no que somos”

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“Estudar a nossa história para adquirir consciência do que fomos e transformar no que somos”

Samuel Albuquerque Maciel – 3º colocado na Declamação Masculina no Enart

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“Estudar a nossa história para adquirir consciência do que fomos e transformar no que somos”
Jovem é ligado à União Gaúcha (Foto: Acervo Pessoal)

A paixão pela história e cultura do Rio Grande do Sul sempre fez parte da vida do professor doutor em Letras, Samuel Maciel. Por incentivo dos pais que frequentavam a entidade tradicionalista mais antiga do Estado, o União Gaúcha João Simões Lopes Neto em Pelotas, aos três anos de idade já participava de atividades campeiras e artísticas na centenária instituição que completou 126 anos em 2025. Ao longo da trajetória, o declamador e dançarino soma 25 anos de amor à tradição no Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart), o maior festival de arte amadora da América Latina em Santa Cruz do Sul. Em novembro trouxe para Pelotas o 3º lugar na categoria declamação masculina.

O universo do tradicionalismo é muito familiar para ti. O que percebes de diferente ao longo dos anos nos CTGs?
É uma diferença muito grande de quando eu era piá, numa linguagem mais regionalista. Antes os movimentos eram muito mais expressivos por parte da sociedade, por uma questão econômica e cultural. Os anos 80 e 90 foram o boom do tradicionalismo. Hoje, por outro lado, infelizmente, o que está muito forte são as invernadas, pelas competições.

Digo que é um ótimo lugar para se criar, educar, instruir crianças e adolescentes. Porém, a questão cultural está bem diferente porque é muito mais direcionado, não só aqui, em diversos lugares, para a parte de competições, de danças.

Qual tua relação com o Enart?
Além de pesquisador da cultura tradicionalista, elaboro as letras de músicas, para serem musicadas e transformadas em coreografia. O Enart também proporciona representar a entidade como declamador. Já ganhei, há exatos 10 anos, o título brasileiro, que era para além do Estado. A União Gaúcha e eu somos campeões brasileiros. Além disso, já ganhei como melhor conto inédito, melhor letra de música, melhor poesia.

De que forma funciona a avaliação na competição?
É feita por cinco jurados mais dois revisores. A equipe avaliativa muda em cada classificatória. A declamação não é só poesia, é o momento da nossa vida que a gente interpreta no palco e junto com o acompanhamento musical, pode ser um violeiro, gaiteiro, até um violino, outros instrumentos podem fazer parte para configurar a ambientação da poesia.

Qual o teu sentimento, depois de tantos anos, vivenciar a magia do Enart?
Entre tantos, o principal é gratidão. Cresci, além da parte mais campeira, na parte artística, lendo escritores como o nosso João Simões Lopes Neto. Vejo nas crianças e adolescentes o futuro da invernada adulta, da tradição, para que essa ‘chama’ do tradicionalismo se perpetue ao longo do tempo. Estudar a nossa história, adquirir consciência do que fomos, para transformar o que somos. É assim que eu vejo o tradicionalismo.

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