Desde a assinatura do contrato pioneiro no país para a elaboração do termo de referência para o plano de descarbonização, entre a prefeitura de São Lourenço do Sul e a Caixa Econômica Federal, na COP30, a cidade vem elaborando suas ações estratégicas para avançar na temática e concretizar os planos de resiliência. Desta forma, medidas visando a descarbonização da economia local e a geração de créditos de carbono, estão sendo encaminhadas pelo executivo.
Uma destas ações deu um grande passo ontem, com a assinatura de um protocolo de intenções com a NetZero, uma empresa francesa com filial no Brasil, que tem uma tecnologia certificada internacionalmente de fabricação do biochar, um bioinsumo voltado para a descarbonização da economia global. O acordo envolve a empresa e a ICLEI, que é a Rede Mundial de Cidades pelo Desenvolvimento Sustentável.
A intenção é que, a partir de um estudo de viabilidade e a pactuação de um parceiro da iniciativa privada da região Sul, seja instalada uma usina para a fabricação do biochar em São Lourenço do Sul. O insumo pode ser utilizado na recuperação de solos degradados e também na ampliação da capacidade de produção da agricultura familiar e do agronegócio em até 40%, sem o uso de fertilizantes. “Pela atuação que São Lourenço do Sul tem tido na governança climática nacional e internacional, a NetZero tomou uma decisão de colocar São Lourenço na prioridade do seu pipeline para 2026”, destaca o prefeito Zelmute Marten (PT).
Integração regional
Entre as pretensões da assinatura do protocolo de intenções está a realização de um estudo de viabilidade técnica para, além de atestar a possibilidade de implantação da planta em São Lourenço do Sul, a ampliação da rede de cooperação pela região Sul, Campanha e Centro-Sul.
Representantes da Fiergs, Farsul, Federarroz e do setor industrial de arroz das regiões interessadas estiveram presentes no ato, quando a NetZero apresentou detalhadamente a tecnologia do biochar e seus benefícios. “Nesse sentido, iremos estruturar um business plan para aproveitamento da casca de arroz da nossa região, que hoje é um passivo ambiental das indústrias de arroz de Camaquã, São Lourenço, Pelotas, Santo Antônio da Patrulha e outras, que estiveram conosco”, afirma Zelmute.
Biochar
O biochar de casca de arroz funciona através de um processo chamado pirólise, que o transforma em um material rico em carbono com uma estrutura porosa benéfica para o solo e o meio ambiente. Quando aplicado ao solo, o biochar de casca de arroz atua principalmente como um condicionador daquela produção, reduzindo a necessidade de utilização de fertilizantes químicos.
Como uma forma de carbono altamente estável e resistente à decomposição, sua adição ao solo é uma estratégia eficaz para armazenar carbono a longo prazo, mitigando as mudanças climáticas.
Descarbonização
Entre as medidas já tomadas por São Lourenço do Sul, visando a descarbonização – que é a redução na emissão de gases poluentes – está a parceria estabelecida na COP30 com a Horeg Energy, da Finlândia. A empresa é responsável pela produção do Energy Plus, que é certificado internacionalmente, e que hoje está em mais de 33 mil postos de gasolina pelo mundo. Ele permite uma diminuição de custos de diesel e de gasolina em até 7% e também colabora com a descarbonização da economia global.
