No Dia Nacional da Acessibilidade, comemorado na últtima sexta-feira (5), a professora Isabela Andrade, coordenadora do Núcleo de Acessibilidade da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), afirmou que Pelotas ainda apresenta barreiras que dificultam a circulação de pessoas com deficiência, idosos e indivíduos com limitações temporárias. Ela destaca que muitos prédios públicos mantêm entradas alternativas e estruturas inadequadas, comprometendo a autonomia. “O ideal é que todos utilizem o mesmo acesso. Quando isso não é possível, é preciso garantir meios que assegurem independência”, diz.
Isabela reforça que acessibilidade envolve sinalização clara, contraste de cores e informações legíveis. Elementos como braile, textos adequados para baixa visão e comunicação acessível seguem ausentes em diversos espaços. Dados do IBGE mostram que 7,3% da população brasileira — mais de 14 milhões de pessoas — têm algum tipo de deficiência, e mais de 25% dos brasileiros já passaram dos 70 anos, mostrando a necessidade de ambientes inclusivos.
Calçadas seguem como ponto crítico em Pelotas
As calçadas da cidade continuam entre os principais problemas. Irregularidades, pisos escorregadios, degraus improvisados e inclinações fora do padrão criam riscos diários. “É perigoso para todos, independentemente da idade ou condição física. Falta padronização, orientação técnica e, muitas vezes, bom senso”, afirma a pesquisadora.
Plano Diretor pode impulsionar mudanças
Com Pelotas iniciando a revisão do Plano Diretor, Isabela defende que o documento incorpore diretrizes mais rígidas para edificações, circulação urbana e uso dos espaços públicos. Para ela, esta é uma oportunidade de estabelecer normas consistentes que orientem a construção de uma cidade acessível para todas as fases da vida.
Mudança cultural também é necessária
Além da infraestrutura, Isabela destaca a importância de alterar a forma como a acessibilidade é vista. “Muita gente ainda trata adaptações como despesas extras, quando na verdade são investimentos que beneficiam toda a população”, observa. Segundo ela, pequenas ações — como corrimãos adequados e sinalização mais visível — já teriam impacto imediato no cotidiano das pessoas.
A pesquisadora lembra que a acessibilidade não depende apenas do poder público: comércios, clínicas e restaurantes também devem cumprir normas básicas. “Quando a cidade entende que acessibilidade é um direito, não um favor, os avanços se tornam mais consistentes”, conclui.
