No último ano, a cada previsão de chuva, o gaúcho sente um arrepio. Ficou um trauma muito explícito diante da enchente de 2024 e certamente isso vai ficar presente por muito tempo. No entanto, sermos um Estado rico em rios, canais e lagoas não é problema: é solução. Para economia, para a logística, para o turismo e para o próprio meio ambiente. Nosso papel de compreender como usar essas potencialidades mantendo o equilíbrio com o meio ambiente é o grande desafio.
Pelotas ficou de costas para as águas por muito tempo. Cresceu “para o outro lado”. Mesmo com sua origem às margens do arroio que lhe dá o nome, a cidade pouco ou nada aproveitou esse potencial hídrico para o turismo e isso cobra o preço até hoje. Aos poucos, porém, parecemos perceber que das águas viemos e para as águas precisamos nos virar para alcançar parte da nossa capacidade de desenvolvimento.
Nos últimos meses, uma série de notícias traz essa visão: a construção de uma alça de acesso ao porto de Pelotas, costeando o São Gonçalo. A drenagem e futuro asfaltamento da rota das charqueadas. A construção de um parque linear na Estrada do Engenho, para servir também como dique. Esse último, aliás, é preciso manter-se vigilante. Foi anunciado pelo governo do Estado em março do ano passado e desde então pouco se falou. É fundamental que ele saia por uma série de motivos, que passam pela própria proteção contra cheias, mas também como espaço de turismo e lazer.
O Laranjal é a cereja desse bolo e, a menos de um mês do verão, é natural que todos os olhares se voltem a ele. Fortalecer o bairro e criar roteiros também no entorno do São Gonçalo são essenciais para que Pelotas enxergue em suas orlas a grande possibilidade que existe de agregar valor. Todo mundo acha lindo o que Porto Alegre fez com o Guaíba e não há nada que nos impeça de fazer o mesmo por aqui. Diante do acontecido no ano passado, é óbvio que toda essa intervenção tem que vir acompanhada de proteção de respeito ao meio ambiente. Com isso sendo feito, avançamos em múltiplas frentes de uma vez só.
