Um alerta necessário

Editorial

Um alerta necessário

Um alerta necessário
(Foto: Jô Folha)

Uma nota oficial assinada na última sexta-feira por dez entidades empresariais gaúchas – entre elas a CDL Pelotas – cobra a restrição severa à publicidade envolvendo casas de aposta, as populares bets. O texto, entre outros fatores, fala no vício, endividamento da população, na inadimplência e na perda de bens, poder de aquisição e todos outros fatores gerados pelo gasto compulsivo na jogatina. E todos esses pontos são fundamentais, uma vez que vivemos uma epidemia silenciosa que veste-se de entretenimento para destruir lares e indivíduos.

Diante disso tudo, é preciso que nós, veículos de comunicação, também coloquemos a mão na consciência. O esporte também. Não é raro ver um jogo com às vezes mais de dez placas de publicidade de casas de apostas na beira do campo, fora os uniformes dos times. Dos 20 clubes da primeira divisão brasileira, 18 têm bets como seus patrocinadores master. E, quando vai para o intervalo, rádios e canais de televisão têm a grande maioria do seu tempo dedicado a estimular a “fézinha”. Sempre com o disfarce do entretenimento e uma letrinha de rodapé dizendo “jogue com responsabilidade”.

É um mercado que, segundo o Banco Central, movimenta de R$ 20 a R$ 30 bilhões todo o mês no país. No primeiro semestre, as empresas faturaram mais de R$ 17 bilhões, segundo o Ministério da Fazenda. É um setor que tomou conta e a publicidade desenfreada foi a grande responsável por uma popularização tão ampla disso. Veículos, empresas e eventos valem-se disso para ganhar dinheiro com o argumento do «todo mundo faz», mas na verdade, há uma hipocrisia no ar.

O governo brasileiro deixou a coisa correr solta e vê hoje um problema pouquíssimo regrado e em vias de estourar gerando ainda mais custo para lidar com os estragos coletivos causados por tudo isso. Um problema fiscal, de saúde mental e de questão social. Por mais impopular que seja, regrar as bets é fundamental e tomar ações para desestimular a jogatina desenfreada é questão de interesse público. Há não muito tempo foi feito o mesmo com tantas outras questões que envolvem a saúde coletiva, como os bingos, a publicidade do tabaco e tantos outros fatores. É preciso coragem para encarar essa questão. Quanto mais demorar, maior serão os efeitos da destruição.

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