O curso internacional de biomodelos em biotecnologia genômica realizado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) movimentou, na última semana, diferentes estruturas do Campus Capão do Leão para receber 25 participantes de seis países latino-americanos. Com foco no uso de zebrafish e mosca doméstica dentro da abordagem One Health, a formação dedicou grande parte da carga horária às atividades práticas, que exigiram organização, divisão de turmas e integração entre laboratórios.
Intitulado “Curso de Biomodelos em Biotecnologia Genômica: Integrando Saúde Humana, Animal, Ambiental e Empreendedorismo”, o projeto foi um dos selecionados pelo Centro Latino-Americano de Biotecnologia (CABBIO) em 2024, com apoio do CNPq e coordenação de docentes da UFPel em parceria com professores de outros países.
O grupo reuniu pós-graduandos, pós-doutorandos, pesquisadores e docentes das áreas de Ciências Biológicas, Biotecnologia, Biomedicina, Farmácia, Medicina e Veterinária. Participaram representantes do Brasil (9), Argentina (6), Uruguai (3), Colômbia (3), Paraguai (2) e Peru (2). Entre eles estavam a argentina Nadia Ualdegaray e o colombiano Yeferzon Alexander Ardila.
Para Nadia, microbióloga e doutoranda na Universidade Nacional de Rio Cuarto, o curso superou expectativas. “O curso é muito bom. Os professores têm excelente formação e a qualidade dos conteúdos foi acima do que eu imaginava. Realmente aprendi muito, tanto nas aulas quanto nas práticas. E também fiz muitos contatos e intercâmbios que vão ser importantes para minha carreira”, afirmou.
Ardila, investigador e coordenador do Centro de Estudos Biomédicos e Transnacionais da Universidade de Los Andes, destacou a troca entre os participantes. “Foi muito interessante descobrir que muitos de nós estamos trabalhando em temas semelhantes. A biotecnologia e os modelos animais nos permitem criar ideias de empreendimento que apoiam a saúde e o bem-estar das pessoas e do ambiente. Essa troca entre países diferentes amplia muito nossas possibilidades”, disse.
Ele também comentou sobre sua primeira visita ao Brasil. “Foi uma experiência muito bonita. Conhecer uma cidade com a riqueza cultural e histórica de Pelotas foi encantador. Também tive a oportunidade de visitar a praia do Cassino, que é impressionante. As pessoas foram muito amáveis e isso faz toda a diferença”, relatou.
Segundo os alunos organizadores, esta foi a primeira vez que o grupo ofertou um curso desse porte. “Foi um grande desafio, mas recompensador ver o quanto os alunos aprenderam. O curso traz uma pegada de inovação ao apresentar alternativas à experimentação animal tradicional”, explicou o pós-graduando Eduardo Dellagostin.
A doutoranda Amanda Weege destacou que a troca entre os pesquisadores ultrapassou a sala de aula. “Foi muito especial compartilhar o que sabemos e aprender com eles. Eles fazem técnicas de maneiras diferentes, nos mostram outras realidades, e isso gera parcerias que certamente vão continuar”, disse.
As práticas foram distribuídas entre laboratórios da Biotecnologia e da Veterinária. A professora Mariana Remião reforçou que a logística foi planejada para permitir acompanhamento próximo. “Dividimos as turmas em dois grupos para que todos pudessem realmente colocar a mão na massa. A ideia é que eles vivenciem as práticas e levem esse conhecimento aos seus países, tornando-se multiplicadores”, afirmou.
Sobre o curso
O curso tem como eixo central a abordagem One Health, que integra saúde humana, animal e ambiental. O zebrafish, com cerca de 70% de homologia genética com humanos, é usado em estudos de desenvolvimento, doenças e toxicologia. Já a mosca doméstica é fundamental em pesquisas sobre resistência antimicrobiana, imunidade e transmissão de patógenos. A formação apresentou técnicas como CRISPR, sequenciamento genético e análise de biomarcadores, preparando os pesquisadores para investigar desafios de forma integrada, unindo biotecnologia, ambiente e inovação.
