Porto de Pelotas se prepara para dobrar movimentação e integrar hidrovia binacional com o Uruguai

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Porto de Pelotas se prepara para dobrar movimentação e integrar hidrovia binacional com o Uruguai

A expansão do local busca impulsionar a logística binacional e aumentar a capacidade de movimentação de cargas

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Porto de Pelotas se prepara para dobrar movimentação e integrar hidrovia binacional com o Uruguai
(Foto: Jô Folha)

O porto de Pelotas deve viver uma nova fase de expansão nos próximos anos. Segundo o Gerente da Portos RS, Fernando Estima, a expectativa é que o terminal dobre sua movimentação, chegando a 2 milhões de toneladas por ano, impulsionado por investimentos em infraestrutura, modernização da hidrovia e projetos de integração logística com o Uruguai.

Estima detalhou, na Rádio Pelotense, o conjunto de obras e investimentos para 2026, que incluem a criação de uma alça de acesso exclusiva ao porto, o novo terminal de celulose em Rio Grande, além do avanço da hidrovia até o Uruguai – projeto este que, após longos anos, deve sair do papel.

Atualmente, o porto de Pelotas é responsável por movimentar cerca de 1 milhão de toneladas, principalmente de madeira, através da operação da chilena CMPC, que transporta em média 120 carretas bitrem por dia por via fluvial. A nova estrutura de acesso, que será feita em convênio entre a CMPC e o Estado, vai permitir que o terminal duplique sua capacidade operacional, reduzindo o tráfego pesado nas vias urbanas e tornando o transporte mais sustentável e econômico. “Preparar e consolidar a infraestrutura é a missão até o final da nossa gestão, em 2026. É fundamental para atrair negócios e oportunidades” afirmou Estima.

Extensão hidroviária até o Uruguai

Outro ponto que pode impactar o setor em breve é a extensão da hidrovia do Sul até o Uruguai, via canal São Gonçalo, Lagoa dos Patos e Lagoa Mirim. Caso saia do papel, transformará o porto de Pelotas em um elo central de integração logística, visto que a cidade é o porto do meio do caminho entre as ligações de carga. O projeto é considerado essencial para ampliar a produção gaúcha, recebendo também cargas do país vizinho.

Segundo estudos, entre 4 e 5 milhões de toneladas de produtos uruguaios poderiam circular pelas hidrovias brasileiras na próxima década, além de até 3 milhões de toneladas de insumos e fertilizantes que o Brasil envia atualmente via rodoviária. A iniciativa faz parte de novas modelagens contratuais do setor portuário, podendo representar um salto logístico para a fronteira sul.

Projetos

Entre os projetos, um dos mais significativos é o novo terminal de celulose, que será instalado no antigo estaleiro da Queiroz Galvão, em Rio Grande, com investimentos estimado em R$ 1 bilhão. A expectativa é que o processo de regularização seja finalizado este ano, com as obras iniciando no ano que vem.

Setores do arroz e tabaco enfrentam desafios

Enquanto o setor portuário vive um ciclo de crescimento, os segmentos do arroz e do tabaco enfrentam dificuldades logísticas. Com o aumento da movimentação no Tecon Rio Grande, que cresceu 24% em um ano, o tempo de permanência dos contêineres foi reduzido, impactando diretamente os produtores.

De acordo com Estima, o setor arrozeiro está “machucado duplamente”, pelos baixos preços de mercado e pelos problemas sazonais que afetam a operação portuária. Atualmente, há quatro mil contêineres vazios aguardando embarque, mas a expectativa é que a situação se normalize nos próximos 30 a 45 dias. “O arroz tinha, num cenário um pouco mais distante, 15 dias para deixar o contêiner lá e depois embarcar. Depois, reduziu para 7 dias, conforme foi subindo a necessidade de uso do pátio, chegando ao momento atual, que é entre 2 e 3 dias”, explicou.

A Portos RS estuda ainda utilizar o cais público de Rio Grande para armazenar parte dessas cargas e garantir que as exportações possam continuar com o mínimo de prejuízo.

 

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