Rota turística para valorizar a história negra de Pelotas

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Rota turística para valorizar a história negra de Pelotas

Prefeitura e representantes de entidades iniciam diálogos para alinhar roteiro e pleitear recursos federais

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Atualizado segunda-feira,
12 de Agosto de 2024 às 18:14

Rota turística para valorizar a história negra de Pelotas
Gruta de Iemanjá, no Balneário dos Prazeres, será um dos pontos de visitação (Foto: Jô Folha)

O Grupo Amigos da Umbanda e o Museu do Percurso Negro iniciaram os debates com a nova secretária de Desenvolvimento, Turismo e Inovação (Sdeti), Paula Vieira Cardoso, para traçar um modelo de Roda afro-brasileira em Pelotas que venha a concorrer a recursos federais apartir da Lei 11.914, que institui as Rotas Negras no Brasil. A ideia é identificar os locais que recriam a história do negro na cidade e suas significativas constribuições para a construção do município. O resultado seria estabelecer um marco inicial e começar a tornar os locais cada vez mais pertencentes aos pelotenses.

O mapeamento dos locais de possíveis visitação está pronto, mas precisa ser ajustado com a pasta. O roteiro inclui a gruta de Iemanjá, o Passo dos Negros, a homenagem ao Monumento a Pai Ogum e São Jorge Guerreiro que também está inserido no Centro Histórico de Pelotas, no próprio Mercado Público com o Orixá Bará e a capoeira Filhos da Roda. Com isso a história não precisa ser dividida e sim somada e compartilhada, principalmente nas escolas. “Vamos sair dos Casarões”, lembrou Martins.

Visibilidade a quem fez Pelotas

A proposta vem sendo trabalhada há três anos, como explicam os integrantes Luiz Carlos Mattozo e Josué Martins e o babalorixá de Xangô, Flávio Dias. Mas a lei federal motivou os organizadores a darem projeção e visibilidade a esse capítulo da história do Brasil, ainda não contada em sua plenitude. “Temos um legado negro oral. Queremos que ele se torne físico e que seja de conhecimento da população”, lembrou Mattozo. “Esta é uma forma de pertencimento e de resgate à história negra”, ressaltou Dias.

A proposta é que com o roteiro, o negro não seja lembrado apenas no mês da Consciência Negra, em novembro, mas sim, em toda a formação da cidade, da história, da cultura, da gastronomia, das artes e das letras. “Queremos que na próxima Fenadoce, por exemplo, os visitantes que acessarem o site de turismo possam encontrar dentro da Rota Turística de Pelotas, o verdadeiro espaço negro”, enfatizou Martins.

A secretária Paula Cardoso aponta que sendo uma das cidades visivelmente mais negras do Rio Grande do Sul e com um amplo legado deste contingente da população na construção da cidade, precisa olhar para esse passado e incluí-lo na sua história.

“Por séculos, toda essa população foi silenciada e tolhida do seu direito de fazer parte da história tradicional, enquanto outros escreviam em nosso nome, os seus braços construíam o legado que hoje está em ruas e monumentos. É esse resgate que queremos fazer, evidenciando o legado negro, sua riqueza cultural e sua potencialidade econômica”, afirma.

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