Música que une gerações

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Música que une gerações

Banda do Colégio Gonzaga usa a melodia para conectar passado, presente e futuro

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Música que une gerações
Banda se apresenta em diversos eventos oficiais. (Foto: Rodrigo Chagas)

Fundada em 1958, a Banda do Colégio Gonzaga ultrapassa gerações e permanece como um dos maiores símbolos culturais de Pelotas. Mais do que uma formação musical escolar, tornou-se uma escola de vida, com base na disciplina e amizade, conectando passado, presente e futuro através da música.

Hoje reconhecida como patrimônio cultural da cidade, a banda guarda em sua trajetória histórias de superação, viagens marcantes e conquistas que ajudaram a moldar a identidade coletiva de centenas de jovens.

À frente da Comissão Executiva da Banda, Nedi Fernandes da Rosa se emociona ao recordar o passado.  “É um orgulho muito grande poder falar da Banda do Gonzaga. Eu sou da primeira formação, de 1958. Muitos já não estão mais entre nós, e eu tive a sorte de ficar e continuar contando essa história”, relembra.

Os primeiros anos foram de dedicação intensa. Os ensaios, muitas vezes longos e cansativos, eram acompanhados de uma paixão que unia os estudantes em torno de um mesmo ideal: levar o nome do colégio e da cidade com música e disciplina. “A gente tinha orgulho de vestir o uniforme, de representar o colégio e a cidade”, reforça Nedi.

Com o tempo, a banda consolidou-se como referência e passou a ser convidada para apresentações em grandes eventos, dentro e fora do Rio Grande do Sul. “Era emocionante ver a reação do público. A banda sempre foi recebida com carinho e respeito, porque havia disciplina, qualidade e, acima de tudo, paixão pelo que fazíamos.”

Tradição que atravessa gerações

A história da Banda do Gonzaga também é marcada pela presença de famílias inteiras que se envolveram com a música. É o caso de Luiz Roberto David, que ingressou no colégio em 1966 e, aos 15 anos, em 1970, passou a integrar a banda. Desde então, nunca mais se afastou.

“Tocar na banda, para mim, é muita coisa. Minhas duas filhas fizeram parte, hoje meu neto é o mascote. Então, é uma família. As vivências que tive foram fantásticas. Logo no primeiro ano, participei do Campeonato Estadual em Porto Alegre, depois vieram as viagens para São Paulo, para o Uruguai… são lembranças que não tem como esquecer.”

Entre os episódios mais marcantes, ele recorda uma apresentação no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, antes de um jogo de futebol. “Entramos fardados de vermelho e branco e tomamos uma vaia. Mas, quando começamos a tocar, o público parou, ouviu e aplaudiu. Conseguimos reverter a situação só com a música. Isso mostra a força da banda.”

O vínculo familiar reforça o sentido de continuidade. Suas filhas, Natália e Gabriela, foram integrantes, e agora seu neto, aos sete anos, já acompanha como mascote. “É difícil se desligar da banda. Quando retomamos as atividades em 1995, muitos antigos voltaram. E eu fiquei. Hoje, eu e o Nedi somos os mais antigos ainda ativos.”

Um espaço para a juventude

A Banda do Gonzaga, no entanto, não vive apenas de lembranças. Novos integrantes chegam para renovar o grupo e manter viva a tradição. A estudante Lívia Acunha Dallmann é um exemplo dessa nova geração.

Ela descobriu a banda por influência da família: “Meu avô já tinha me falado sobre a banda, que participou de campeonatos nos anos de 1960. Depois meu dindo comentou que havia uma vaga para um instrumento. Vi vídeos da banda e achei incrível, diferente das outras que eu conhecia. Decidi entrar.”

Hoje, Lívia toca clarinete e está prestes a se apresentar pela primeira vez com os colegas. “Ainda não me apresentei, mas acho que vai ser meio nervoso, porque é a primeira vez. Mesmo assim, estou muito animada. A banda já me trouxe muito aprendizado, como ouvir mais e ter mais concentração”, relata.

Desafios e futuro

Com mais de seis décadas de trajetória, a Banda do Gonzaga enfrenta hoje o desafio de atrair novos jovens e manter sua estrutura. “A música é tudo. Ela congrega as pessoas”, resume Luiz Roberto David. Ele explica que a banda já chegou a ter 108 integrantes em grandes apresentações, como nas viagens a São Paulo.

Hoje, o grupo conta com cerca de 40 a 50 músicos, dependendo do evento. Apesar das dificuldades, o compromisso é seguir crescendo. “Nossa ideia é trazer cada vez mais jovens, aumentar o tamanho da banda, oferecer aulas e manter a qualidade das apresentações. Queremos fazer uma banda melhor e maior”, acrescenta Luiz. Atualmente, a regência da banda é do maestro Renato Vitória.

Patrimônio de Pelotas

Mais do que um projeto escolar, a Banda do Gonzaga tornou-se parte da identidade de Pelotas. Para Nedi, preservar essa memória é uma missão coletiva. “A banda representa muito para a cidade e para todos que passaram por ela. É uma herança cultural que precisa ser cuidada, porque não é só a memória de quem participou, mas de toda a comunidade”, avalia.

Da emoção dos fundadores à esperança dos jovens músicos, a Banda do Colégio Gonzaga segue tocando o coração de Pelotas. Uma história que começou em 1958 e, nota após nota, continua ecoando pelo futuro.

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