Foi essa a frase que meu avô confidenciou a mim no último mês.
– Estou morrendo e ainda aprendendo, Felipe. A gente aprende até morrer.
Três semanas depois, seu Maciel foi dançar retalhos de cetim com Dona Flora, que o esperava há sete anos do outro lado do véu. Acredito que as pessoas seguem vivas dentro da gente contanto que as honremos em nossa lembrança, e nas últimas semanas tenho organizado minha biblioteca de memórias com imagens como essa. Viu, já compartilhamos algo importante.
A OCDE lançou um relatório de competências-chave para se manter relevante como profissional e, entre as cinco prioridades para 2025, estava ele: o lifelong learning. O termo vem do inglês — lifelong (ao longo da vida) e learning (aprendizado). A ideia é universal: nunca parar de aprender. Neste mundo hiperconectado, onde nossa inteligência analógica compete com bases infinitas de dados, reciclar-se é essencial.
Aqui, questiono: quantas vezes já não achamos que sabíamos de tudo? Essa mentalidade paralisa líderes, profissionais e empresas inteiras. Começamos a perder no instante em que nos sentimos prontos e finalizados. Mais do que nunca, é tempo de resgatar o “só sei que nada sei” de Sócrates.
Aprender nem sempre vem dos livros (embora eu seja fã deles). O modelo 70-20-10 mostra: 70% do conhecimento é absorvido em vivências, 20% em trocas sociais e 10% em aprendizagem formal. Isso nos lembra da necessidade de buscar experiências que nos tornem melhores do que ontem. Muito sobre quem somos e como podemos contribuir se aprende fora do trabalho. O que você já aprendeu com os erros? Com conversas difíceis? Com momentos de crise? Isso tudo é repertório.
Sabe, quando li o estudo da OCDE dei uma risada leve. Havia aprendido o mesmo com um senhor de 95 anos, que não faz ideia do que é lifelong learning. O aprendizado está sempre aí, basta estarmos atentos.
Qual foi a última coisa que você aprendeu? Se nada veio à mente, talvez seja hora de abrir os ouvidos, o coração e a curiosidade. Porque, no fim, a gente aprende até morrer.